Em meio às discussões sobre as incertezas fiscais, tendo em vista que a taxa básica de juros continua nos 13,75%, cresce o percentual de pessoas que acreditam na piora na economia brasileira. Esse cenário foi constatado por pesquisa divulgada nesta segunda-feira (3/4), pelo Instituto Datafolha, que mostra aumento na proporção de pessimistas em relação a uma possível melhora nos dados econômicos desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Enquanto no levantamento anterior, feito em dezembro do ano passado, 20% afirmavam esperar uma piora da economia, a pesquisa atual aponta que 26% das pessoas creem em um declínio do cenário para os próximos meses. A proporção dos que apostam em uma queda no lado fiscal é a mesma dos que dizem que não haverá mudanças nesta área. Entre os que contam com uma melhora, houve uma queda de 49% para 46%.
O levantamento foi feito nos dias 29 e 30 de março. O instituto ouviu 2.028 pessoas em 126 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Últimos meses
A pesquisa também questionou a percepção dos brasileiros sobre o desempenho econômico do país nos últimos meses. Para 41% dos entrevistados, a interpretação é de a que está tudo igual. No Datafolha de dezembro, esta ideia era corroborada por 35%. Já entre os que falam em piora, o levantamento mostrou 35% dos consultados (em dezembro, eram 38%).
Na pesquisa atual, o Datafolha ainda classifica que 23% das pessoas afirmam que melhorou a situação do Brasil nos últimos meses. Em dezembro, eram 26%.
Finanças pessoais
O levantamento do Datafolha também perguntou como deve ficar a situação econômica pessoal, 56% acreditam em uma melhora (eram 59% na última pesquisa), 14% afirmaram crer em uma piora (11% na pesquisa de dezembro) e 28% dizem que as finanças pessoais devem continuar do jeito que está.
- Desemprego sobe a 8,6% e atinge 9,2 milhões de brasileiros em fevereiro
- Novo arcabouço fiscal: regra limita despesas e busca superávit; entenda
- Banco Central reitera, em ata, política de linha dura monetária no país
- Haddad evita criticar Banco Central e reforça necessidade de "harmonização"
Desemprego
O pessimismo aumentou em relação à geração de empregos: 44% falam em aumento do desemprego (eram 36% há três meses), enquanto 29% contam com uma redução (eram 37%).
No Brasil, a taxa de desemprego voltou a subir, chegando a 8,6% no trimestre móvel terminado em fevereiro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgada na sexta-feira (31/3), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Agenda econômica
Neste quarto mês como presidente da República, Lula terá desafios para implantar sua agenda econômica. Depois de muita expectativa do mercado e da sociedade, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou o projeto de política fiscal do governo.
Conhecido pelo nome de arcabouço fiscal, o texto, entre outros pontos, propõe uma conciliação das metas de superavit primário com novos parâmetros para controlar as despesas do governo. A proposta continuará limitando o aumento de gastos, mas, em vez da inflação, terá como base o desempenho da receita, com um piso de 0,6% e teto de 2,5% de aumento real (descontada a inflação).
O arcabouço fiscal busca substituir a regra do teto de gastos. Para que seja implantada, a proposta terá de passar pelo Congresso. A expectativa é que o projeto chegue à Câmara ainda nesta semana. Segundo o presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), a relatoria do texto deve ficar com um parlamentar do seu partido.