Análise divulgada neste domingo (30/4) pela Oxfam mostra que, em 2022, os CEOs mais bem pagos do Brasil tiveram um aumento salarial de 23,8% em relação a 2021, enquanto os salários dos trabalhadores caíram 6,9%, em média, na mesma comparação. O cenário brasileiro superou a média de outros quatro países — Estados Unidos, Reino Unido, Índia e África do Sul. Juntas, essas nações tiveram aumento de 9% para os acionistas e redução de 3,19% para os assalariados.
O levantamento foi baseado em dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e de agências governamentais de estatísticas. Números globais mostram que acionistas de empresas receberam um recorde de US$ 1,56 trilhão em dividendos no ano passado, um aumento de 10% em relação a 2021. Já um grupo de um bilhão de trabalhadores, de 50 países, sofreu um corte salarial médio de US$ 685, com uma perda coletiva de US$ 746 bilhões em valor corrigido pela inflação.
- Indústria demite 245 mil trabalhadores em um trimestre, revela IBGE
- Professores do DF fazem assembleia nesta terça para discutir salário
- Entidades sindicais dizem que servidores enfrentam defasagem salarial de 27%
No Brasil, uma série de políticas públicas contribuem para a desigualdade ainda maior entre os mais ricos e os trabalhadores.
“Ainda que a gente tenha várias informações agora a respeito da recuperação do emprego, acabamos vendo que a renda ainda não recuperou os padrões anteriores à pandemia”, explicou ao Correio o coordenador de Justiça Social e Econômica da Oxfam Brasil, Jefferson Nascimento. “Os novos empregos surgidos têm menor rendimento médio, mais precarizado”, acrescentou.
Taxação de lucros
Para o coordenador, a reforma trabalhista implantada durante o governo de Michel Temer (MDB) contribuiu para que postos de trabalho com carteira assinada fossem substituídos por vagas informais, com menor remuneração e sem os direitos previstos em lei. Por outro lado, a falta de taxação sobre lucros e dividendos – o que ocorre desde 1996 – colabora para a alta concentração de renda por parte dos acionistas. “Esses buracos na legislação tributária beneficiam justamente os muito ricos”, afirmou.
A Oxfam defende aumento de tributação para o 1% mais rico. Governos passados tentaram alterar a tributação sobre lucros e dividendos, sem sucesso. Foi o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas um projeto de lei que trata do tema está parado no Congresso desde 2021. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também afirma, desde a campanha, que quer aumentar impostos para os ricos.
Na outra frente, é preciso frear a queda da renda dos assalariados. “Um dos aspectos importantes nesse sentido é a retomada da política de valorização real do salário mínimo, que tem um impacto progressivo. Nós vimos que a medida teve impacto positivo para os trabalhadores ao longo dos anos 2000”, frisa Jefferson.
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.