Mesmo com os juros em patamares altos, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ponderou que a inflação no Brasil tem caído de forma mais lenta do que o esperado, “considerando o patamar da taxa real de juros no Brasil”.
“Olhamos muitas coisas e cruzamos muitos dados. Mas a realidade é que a queda da inflação é mais lenta do que esperávamos, considerando o patamar da taxa real de juros no Brasil. O que nos diz que a batalha não foi vencida e temos que persistir”, disse nesta quarta-feira (19/4), em reunião com investidores em Londres, organizada pelo European Economics & Financial Centre (EEFC).
Campos Neto considerou que as projeções de inflação para os próximos anos estão melhores do que para 2023, mas ainda estão distantes das metas. Para ele, a inflação ainda está "contaminada" por medidas tomadas no período eleitoral, como a desoneração dos combustíveis.
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“O índice bruto de inflação está poluído pelas mudanças na tributação de gasolina, energia e gás. Quando olhamos para o cerne da inflação, está levemente abaixo dos 8%, o que é muito alto. Precisamos de 6 a 12 meses para amadurecer a tomada de decisão”, avaliou o presidente do BC, que reforçou que as projeções acima da meta são “um sinal de alerta”.
Arcabouço fiscal
O chefe da autoridade monetária fez uma repercussão breve sobre o novo arcabouço fiscal, entregue ontem ao Congresso Nacional. Ele afirmou que não teve tempo de olhar todos os detalhes, mas definiu a proposta como “bastante razoável”. “Acho que é uma boa indicação de que estamos avançando na direção correta. Remove o risco que vi em algumas projeções por aí, de que a dívida fosse para 100% do PIB muito rápido”, disse.
Campos Neto reiterou que a nova âncora fiscal não tem nenhuma “relação mecânica” com a política monetária e disse que é necessário observar como se dará a tramitação no Legislativo.
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