Perto de concluir o mandato de quatro anos, o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Celso Moretti, afirmou ao CB.Agro a importância de se manter um quadro qualificado de profissionais. Em entrevista aos jornalistas Vicente Nunes e Mariana Niederauer, o executivo comentou as principais metas da empresa para este. Confira trechos da conversa divulgada ontem pelo programa, uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília.
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Como foram os três anos de administração da Embrapa?
Foram três anos de um trabalho muito intenso e uma pandemia pelo meio. Não foi algo trivial para lidar, mas chego ao fina do nosso mandato com um sentimento de dever cumprido; de ter levado mais tecnologia para o produtor rural; de ter atacado problemas sérios da agricultura brasileira. No ano passado, quando tivemos a crise de fertilizantes, a Embrapa rapidamente colocou em campo a caravana Embrapa FertBrasil. Já viajamos para quase 40 polos de produção, levando tecnologia para aumentar a eficiência de uso de fertilizante, sem contar em cultivar em softwares, aplicativos. Enfim, um conjunto enorme de soluções, que agora, inclusive, daqui a duas semanas, completando 50 anos, apresentando mais soluções para agricultura, pecuária e setor florestal brasileiro.
Como está a transição?
A transição, como não podia deixar de ser, está sendo feita de forma muito tranquila. A Embrapa é uma empresa moderna, contemporânea, que tem a meritocracia na sua base. Então a colega Silvia Massruhá deve estar chegando brevemente para assumir a gestão da empresa. É uma pesquisadora 'embrapiana', de dentro da casa.
O Brasil, hoje, é o segundo maior produtor de alimentos do mundo, graças ao trabalho da Embrapa. Como foi esse processo?
Olha, por incrível que pareça, os mais jovens que nos acompanham aqui no CB.Agro podem não saber: nós éramos importadores de alimentos na década de 70. Só para dar três exemplos, nós importávamos carne da Europa, leite dos Estados Unidos e feijão do México. E aí, em 1973, o governo brasileiro tomou a decisão acertada de estabelecer uma instituição dedicada à pesquisa, desenvolvimento e inovação agropecuária para desenvolver tecnologia para o cinturão tropical.
Qual foi o impacto dessa iniciativa?
Ao longo das últimas cinco décadas, em parceria com as universidades, com as organizações estaduais de pesquisa agropecuária e, principalmente, com o setor produtivo, o produtor brasileiro foi muito bem preparado. Nós transformamos o Brasil nessa potência agrícola e ambiental. O Brasil tem mostrado para o mundo que é possível produzir e preservar o meio ambiente.
O que pensa do investimento para desenvolver técnicas de cultivo melhores?
Costumo dizer que recursos nunca são suficientes para fazer todo o trabalho que gostaríamos de fazer. Obviamente, como eu disse inicialmente, nós tivemos dois anos de pandemia. Tivemos uma redução de recurso. A Embrapa é uma empresa pública, que depende dos recursos do governo federal, basicamente. Essa é uma das outras frentes que temos trabalhado para reduzir essa dependência. Mas o Brasil ainda tem um longo caminho, apesar da a Embrapa ser hoje uma empresa com orçamento na casa dos R$ 3,7 bilhões. O país ainda investe pouco em pesquisa e desenvolvimento; investe 1,3% do seu PIB em pesquisa de desenvolvimento. Coreia do Sul chega a 3,5%; Israel, quase 4%. Nós precisamos melhorar, não só na pesquisa agropecuária, mas também em outras áreas.
Mesmo com todas as dificuldades de orçamento, a Embrapa ainda está na liderança de pesquisas em instituições públicas no Brasil, não?
É verdade. Nesses últimos três anos e dez meses do nosso mandato à frente da empresa, colocamos quase 240 soluções à disposição do setor produtivo. Eu, aqui, em 2021, em primeira mão, aqui no CB.Agro, eu falei do trigo tropical. E isso é um trabalho que tem nos orgulhado muito, que tem acontecido na produção de trigo. A despeito de todas as dificuldades, acho que isso mostra também um trabalho eficiente que fizemos na gestão dos recursos públicos.
Qual o desafio, hoje, para a Embrapa?
O grande desafio que temos hoje é reduzir essa dependência de ciclos fiscais ou ciclos políticos no país. No momento em que a Embrapa tiver um pouco mais de autonomia na captação de recursos, cumpriremos melhor o nosso papel. A ideia é dar mais musculatura, dar mais força, inclusive apoiar problemas com pequenos agricultores que, hoje, agricultores familiares são mais de 80% dos produtores rurais do Brasil.
E como está o quadro de profissionais de vocês?
Tivemos uma redução de forma consistente nesses últimos anos. O último concurso da Embrapa expirou em 2014; daqui a pouquinho faz dez anos que nós não contratamos mão-de-obra. Fizemos um programa de demissão incentivada em 2019, na saída de 1.180 pessoas. Então nós precisamos, sim, fazer um novo concurso. Nós já estamos estudando e a próxima diretoria que vai assumir deve tocar esse processo.
*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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