Tesouro norte-americano,

Brasil perde posições como credor dos Estados Unidos

Em novembro do ano passado, com US$ 225 bilhões em títulos do governo dos EUA, o Brasil ocupava a 10ª colocação, à frente de Taiwan, Índia e Hong Kong, que, em janeiro, passaram o Brasil na listagem dos credores dos papéis considerados um dos mais seguros do mundo

Rosana Hessel
postado em 15/04/2023 00:01 / atualizado em 15/04/2023 13:31
 (crédito: Helilo Montferre/CB/D.A Press              )
(crédito: Helilo Montferre/CB/D.A Press )

O Brasil, que já foi o 4º maior credor da dívida pública do governo dos Estados Unidos, está em 13º lugar, conforme os dados mais recentes do Tesouro norte-americano, com U$ 214 bilhões em títulos norte-americanos (treasuries), contabilizados em janeiro deste ano. Esse montante equivale a 64,6% dos US$ 331,1 bilhões em reservas internacionais registradas pelo Banco Central (BC), no primeiro mês de 2023, levemente abaixo dos US$ 341,1 bilhões contabilizados em março pela autoridade monetária.

Em novembro do ano passado, com US$ 225 bilhões em títulos do governo dos EUA, o Brasil ocupava a 10ª colocação, à frente de Taiwan, Índia e Hong Kong, que, em janeiro, passaram o Brasil na listagem dos credores dos papéis considerados um dos mais seguros do mundo — devido ao baixíssimo risco de calote.

O ranking dos países detentores dos t-bonds, conforme dados do Tesouro norte-americano, é liderado pelo Japão (com mais de US$ 1,1 trilhão) e, em segundo lugar, a China (com US$ 859,4 bilhões). O Reino Unido, em terceiro lugar, completou o pódio com US$ 668,3 bilhões.

Em abril de 2018, quando era o 4º maior credor dos EUA, o Brasil detinha US$ 294,1 bilhões em títulos da dívida norte-americana. A queda na participação ao longo dos últimos anos, de acordo com o Banco Central, é justificada, em primeiro lugar, pela queda no volume de reservas internacionais administradas internamente em função das intervenções no mercado realizadas em 2019 e em 2020 e também das flutuações dos preços dos ativos do mercado.

Em segundo, a autoridade monetária informou que houve também “alterações na alocação estratégica das reservas internacionais em termos de distribuição por moedas e por classes de ativos, com redução da participação do dólar e de títulos soberanos”, baseada na gestão integrada dos ativos em moeda estrangeira considerando a diversificação da carteira, algo que é recomendável em finanças. “A estratégia de diversificar o estoque sempre existe em uma carteira de investimentos, mas a decisão de reduzir ou não a participação de um determinado ativo é dada pela relação risco-retorno na gestão”, destacou Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos."A estratégia de diversificar o estoque sempre existe em uma carteira de investimentos, mas a decisão de reduzir ou não a participação de um determinado ativo é dada pela relação risco-retorno na gestão", destacou Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos.

Na avaliação do economista Otto Nogami, professor de Finanças do Insper, o fato de o Brasil cair no ranking é reflexo da baixa competitividade do país no mercado internacional. "A Índia ganhou posições devido à uma forte entrada de investimento direto no país e também pelo crescimento das exportações. Não podemos esquecer que, nos últimos quatro anos, o Brasil ficou isolado do mundo", salientou.

Para Nogami, a perda de posições do Brasil mostra incompetência na gestão de divisas. "O Brasil continua classificado como país especulativo que sustenta as reservas internacionais, diferente da China, por exemplo, que tem a maior reserva do mundo por conta da competência, pois conseguiu melhorar a qualidade dos produtos que exportava ao longo dos anos", destacou. 

Ficando para trás


1 Japão 1.104,4 (+)
2 China 859,4
3 Reino Unido 668,3
4 Bélgica 331,1
5 Luxemburgo 318,2
6 Suíça 290,5
7 Ilhas Cayman 285,3
8 Canadá 254,1
9 Irlanda 253,4
10 Taiwan 234,4
11 Índia 232,0
12 Hong Kong 226,8
13 Brasil 214,0

Total geral 7.402,5


*Dados de Jan/2023, em US$ bilhões

 

 

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