COMBUSTÍVEIS

Defasagem da gasolina já ameaça consumo de etanol, diz Abicom

A Petrobras reajustou o diesel há 19 dias e mantém o preço da gasolina congelado há 41 dias. De acordo com a Abicom, o preço médio da gasolina no Brasil está 7% abaixo da paridade de importação

Agência Estado
postado em 10/04/2023 15:26 / atualizado em 10/04/2023 15:26
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

A defasagem do preço da gasolina no mercado brasileiro já ameaça o consumo de etanol, avalia o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustível (Abicom), Sérgio Araújo, mas não há nenhuma expectativa de reajuste pela Petrobras antes da Assembleia Geral de Ordinária (AGO), prevista para 27 de abril. A reunião vai mudar os membros do Conselho de Administração da estatal, ainda comandado por indicados pelo governo Bolsonaro.

Já o diesel, segundo a entidade, está alinhado com o preço de importação e tem garantido negócios, segundo Araújo, principalmente com o diesel russo.

A Petrobras reajustou o diesel há 19 dias e mantém o preço da gasolina congelado há 41 dias. Já a Acelen, controladora da Refinaria de Mataripe, na Bahia, privatizada no ano passado, faz reajustes semanais e, na última quarta-feira, reduziu a gasolina em R$ 0,18 o litro e o diesel em R$ 0,007 o litro.

De acordo com a Abicom, o preço médio da gasolina no Brasil está 7% abaixo da paridade de importação (PPI), chegando a 9% no polo de Araucária (PR) e 6% em Aratu (BA). Para atingir a paridade, a Petrobras poderia aumentar a gasolina em R$ 0,25 por litro no mercado interno.

"Poderia haver um pequeno aumento no preço da gasolina, mas não acredito que a Petrobras vá fazer isso agora com toda a pressão sobre os preços da Petrobras", avalia Araújo.

Segundo ele, o que vai acontecer com a política de preços da estatal após a AGO ainda é um mistério, e a interferência do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na semana passada, não ajudou no debate sobre o assunto. Silveira afirmou na quarta-feira, 5, que os preços da estatal não seriam mais atrelados ao mercado internacional, mas a um preço "interno" dos combustíveis. A teoria segue a determinação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de "abrasileirar" os preços da estatal.

"A política da Petrobras continua uma incógnita e ainda teve esse posicionamento indevido do ministro da Minas e Energia que piorou as coisas. Não acredito que vai haver modificação até que tenha de fato a reunião do novo Conselho", diz o executivo.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, tem confirmado a intenção de acabar com o PPI, política implantada em 2016 no governo de Michel Temer e mantida pelo governo Bolsonaro. Prates defende preços que garantam a competitividade da estatal no mercado, levando em conta diferenças regionais.

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