O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, formalizou, na noite desta quinta-feira (6/4), o convite para o Brasil participar da cúpula do G7 – grupo das sete economias mais industrializadas do planeta – em maio. De acordo com a chancelaria brasileira, é a primeira vez que o Brasil é convidado para o evento desde 2009.
As autoridades japonesas tinham feito o comunicado de que o país seria um dos convidados para o encontro no Japão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu o telefonema do premier japonês em São Paulo, para onde viajou na parte da tarde. Fontes da chancelaria confirmaram o telefonema, mas ainda não deram mais detalhes de como foi a conversa.
O país asiático sediará o encontro dos líderes do grupo entre os dias 19 e 21 de maio, em Hiroshima, cidade natal de Kishida. Além dos presidentes e chefes de estado de Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá, que integram o bloco que deixou de ser o G8, após a expulsão da Rússia, em 2014, quando Moscou invadiu e anexou a Criméia. A União Europeia (UE) também tem participado com frequência dos encontros do G7.
O Brasil foi convidado e participou de uma cúpula do G7 em 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009, conforme dados do Itamaraty.
Volta ao normal
Na avaliação do ex-embaixador do Brasil em Washington e presidente do Instituto Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), passados os últimos 11 anos de crises sucessivas nos governos Dilma Rousseff (PT) e Jair Bolsonaro (PL), esse convite para o Brasil participar de uma cúpula do G7 mostra que a política externa brasileira “voltou ao seu normal”, ainda mais porque o Brasil vai assumir, em dezembro deste ano, a presidência do G20 – grupo das 19 maiores economias desenvolvidas e emergentes do planeta, mais a UE.
“É normal que o governo brasileiro seja convidado para fazer parte dessa cúpula do G7, que é um grupo econômico e comercial, porque, além de o Brasil presidir o G20 no ano que vem, o país está de volta em debates importantes da agenda global, como meio ambiente, segurança alimentar e energia renovável”, explicou o diplomata, em entrevista ao Correio.
Rubens Barbosa destacou que, nesse cenário atual pós-pandemia da covid-19, está ocorrendo um realinhamento no mundo e na área econômica. “Portanto, é normal que o Brasil, como tem esses três itens econômicos que estão na agenda global (meio ambiente, segurança alimentar e energia renovável), esteja de volta como convidado depois de tantos anos, porque o país tem o que dizer”, acrescentou. Ele lembrou que, além de grandes florestas e fontes de energia renovável, o Brasil ainda é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, atrás da China e dos Estados Unidos.
O diplomata citou um monitoramento feito pelo portal Interesse Nacional sobre a visão da imprensa internacional sobre o Brasil revela que o tom neutro predominou na cobertura da mídia estrangeira, mas as matérias desfavoráveis ao país foram o dobro das favoráveis. A preocupação com o meio ambiente foi o tema predominante no período pesquisado – entre abril de 2022 e abril de 2023 – e, as notícias positivas só superaram as negativas em novembro do ano passado, após a vitória de Lula nas eleições.
Agenda intensa
Desde a posse de Lula, a agenda de compromissos da diplomacia do novo governo está intensa. A chancelaria brasileira contabiliza 65 encontros bilaterais do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, dos quais 16 com chefes de Estado e de governo acompanhando o presidente Lula.
O chanceler brasileiro também acompanhou o chefe do Executivo em 14 telefonemas com chanceleres e dirigentes de organismos internacionais e o Itamaraty tem coordenado uma agenda de várias visitas oficiais e de Estado de Lula. Além de Argentina, Uruguai e Estados Unidos, segue viagem do presidente brasileiro à China, a partir de terça-feira (11), com retorno via Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, no dia 15. Por enquanto, está mantida a previsão para a assinatura de, pelo menos, 20 acordos entre China e Brasil durante a visita de Estado ao gigante asiático, mas é possível que o número de atos a serem assinados aumente até a data da visita de estado.
Além de assumir a presidência do G20, o Brasil também vai presidir o Mercosul no segundo semestre deste ano. Em agosto, o país sediará a cúpula dos Países Amazônicos, no Pará, e há a expectativa de que líderes europeus também participem do encontro.
Mais cedo, o presidente Lula chegou a postar nas redes sociais a intensa agenda internacional indicando que já conversou com mais de 26 chefes de estado desde a posse. Na postagem, destacou que o país voltou a dialogar com o mundo e "conversar com países que eram vítimas de ofensas e desrespeito do antigo governo". "Abrimos mercados e vamos seguir conversando com todos, para construção de parcerias pelo melhor do Brasil", acrescentou.
Mesmo antes da posse, já voltamos a dialogar com o mundo e conversar com países que eram vítimas de ofensas e desrespeito do antigo governo. Abrimos mercados e vamos seguir conversando com todos, para construção de parcerias pelo melhor do Brasil. pic.twitter.com/ks7gNvfJLf
— Lula (@LulaOficial) April 6, 2023
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