Em fevereiro, 6,5 milhões de empresas brasileiras estavam negativadas, segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas, divulgado pela pela Serasa Experian nesta terça-feira (4/4). Este é o recorde da série histórica do índice, iniciada em janeiro de 2016. O volume representa R$ 112,9 bilhões em dívidas atrasadas, o total de empresas negativadas no período supera os números de fevereiro de 2022, quando haviam 6,0 milhões de empresas inadimplentes.
De acordo com o levantamento, cada empresa tem sete dívidas vencidas por CNPJ. O setor de serviços lidera o ranking, com 53,8% do total das empresas negativadas, seguido pelo Comércio (37,3%) e Indústria (7,7%). Completam a lista os setores Primário (0,8%) e Outros (0,4%), que abrange o setor financeiro e o terceiro setor.
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O recorte que mostra o segmento em que as dívidas foram contraídas revelou destaque para a categoria "outros – Empresas financeiras e de Terceiro Setor". Os setores de bancos e cartões e serviços também concentram a maioria dos débitos a serem ressarcidos.
Na análise por Unidades Federativas, a inadimplência mostrou maior concentração em São Paulo, com mais de 2 milhões de empresas negativadas. Em sequência está o estado de Minas Gerais, seguido pelo Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. O Distrito Federal aparece em 14º lugar no ranking, com 119,4 mil empresas negativadas.
O economista e CEO da Ativa Investimentos, Diego Hernandez, destacou como o aperto monetário implica no índice de inadimplência das empresas. “O aumento dos juros pelo Banco Central para conter a disparada da inflação comprometeu bastante a capacidade desses empreendedores de pagarem suas dívidas. Eles acabam não encontrando acesso no mercado de capitais no caso das empresas de maior porte”, afirmou.
Consumidores
O economista-chefe da Serasa Experian, Luiz Rabi, pontuou que o endividamento das empresas tem correlação com a inadimplência dos consumidores, que também voltou a crescer. Apenas em fevereiro 433 mil pessoas entraram para o registro de negativados no país, chegando a um total de 70,5 milhões de inadimplentes.
“Mesmo que existam oscilações positivas e alguns empreendedores consigam quitar suas dívidas, como aconteceu em janeiro, a melhoria contínua da inadimplência dos empreendimentos depende muito do cenário de negativação entre os consumidores”, avaliou o economista. “Enquanto esse não diminuir de fato, as empresas seguirão encontrando desafios para manter um quadro de melhora significativo”, acrescentou.
O cartão de crédito continua sendo o segmento com o maior número de brasileiros inadimplentes, com 31,6% das dívidas, seguido pelas contas básicas (21,7%) e pelo setor de varejo (11,2%). Na comparação com fevereiro de 2022, as contas em aberto com bancos e cartões tiveram aumento de 3,0%, enquanto os débitos relacionados com gastos básicos e com o varejo caíram 1,5% e 1,3%, respectivamente.
“A inflação e os juros altos são os principais fatores que explicam o atual cenário, além da sazonalidade desfavorável de fevereiro, que vem acompanhada de despesas típicas de início de ano, como IPVA, IPTU e reajuste das mensalidades", apontou o economista.
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