O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) manteve a projeção de crescimento para 2023 do Produto Interno Bruto (PIB) em 1,4%. Em análise divulgada nesta sexta-feira (31/3), o instituto avalia que os dados refletem "um cenário em que a economia se recupera progressivamente ao longo do ano".
Grande parte do crescimento é puxado pela agropecuária, que tem um avanço esperado de 11,6% neste ano. Exportações de bens e serviços vêm em seguida, com crescimento projetado de 2,7%. O impacto das importações, por sua vez, é projetado em 1,3%. Já o setor de serviços deve crescer 0,6%, e a indústria, 0,4%.
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"Esperamos que, no primeiro trimestre de 2023, o PIB brasileiro avance 1,2% na comparação, com ajuste sazonal, com o último trimestre de 2022, e tenha alta de 2,7% sobre o primeiro trimestre do ano passado. Para o acumulado em 2023, o cenário considera que a economia se recupera progressivamente ao longo do ano, registrando crescimento de 1,4%. Apontamos, ainda, para uma expansão do PIB de 2,0% em 2024", diz a Carta de Conjuntura divulgada pelo Ipea.
De acordo com o documento, a perspectiva de crescimento das principais economias do mundo melhoraram no primeiro trimestre do ano em relação às projeções do final do ano passado, que alertavam para grande chance de recessão. O instituto cita também a quebra de bancos nos Estados Unidos, o Silicon Valley Bank e o Signature Bank de Nova York, que foi seguida de crise no suíço Credit Suisse, mas frise que a situação está sendo controlada.
Crescimento do agro puxa projeção de 2023, mas deve menor em 2024
A projeção de alta de 1,4% do PIB é a mesma apresentada pelo instituto no final do ano passado. O consumo das famílias também deve crescer moderadamente em 2023, com avanço de 1,2%.
De forma geral, o cenário é de desaceleração da economia, mas com crescimento puxado fortemente pelo avanço do agro. Para 2024, a expectativa é que haja um avanço mais robusto da indústria, com 2,2%, e do setor se serviços, com 1,9%. Já a agropecuária deve crescer cerca de 1%. Investimentos também ganham destaque, com previsão de aumento de 2,5%, e o consumo das famílias deve se fortalecer, com alta de 2%.
"O cenário considera que, neste ano, haja melhora na ancoragem das expectativas inflacionárias com a introdução do novo arcabouço fiscal e uma resolução do debate que se estabeleceu sobre as metas de inflação", diz o Ipea. O arcabouço foi apresentado ontem (31/3) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e foi bem recebido pelo mercado.
Em relação ao aumento de preços, o instituto estima que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche o ano em 5,6%. Segundo o Ipea, a expectativa de flexibilização da política monetária, investimentos programados para 2023 e alguma resiliência no mercado de trabalho também são fatores positivos observados.