O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, declarou nesta quinta-feira (30/3) que ainda não viu o novo arcabouço fiscal apresentando pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, nesta manhã, mas ressaltou que a prévia “parecia bastante razoável”.
Campos Neto deu a declaração em coletiva de imprensa após apresentação do Relatório Trimestral de Inflação. A fala ocorreu quase ao mesmo tempo em que era feito o anúncio de Haddad sobre o novo marco.
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“Entendemos que há uma boa vontade muito grande da Fazenda. Quando olhamos os parâmetros, sem calibragem, parecia bastante razoável. Mas faz algum tempo. Não quero fazer comentário sem saber como é o arcabouço, mas a gente reconhece o esforço que está sendo feito pela Fazenda. Denota preocupação com a trajetória da dívida”, disse o presidente do BC.
Juros altos para combater inflação
Haddad apresentou o novo arcabouço fiscal nesta quinta. A medida vai substituir o teto de gastos, aprovado durante o governo de Michel Temer (MDB). Uma das suas principais medidas é limitar o crescimento dos gastos a 70% da variação da receita primária dos últimos 12 meses.
Segundo o Banco Central, a apresentação do novo marco era requisito para que a autoridade monetária considerasse reduzir a taxa básica de juros, a Selic. Membros do governo federal vêm criticando Campos Neto e o BC pela manutenção da taxa e pelo tom duro dos comunicados e atas do banco. Haddad, por outro lado, adota um tom mais moderado.
O presidente da autarquia defendeu a medida. “O custo de combater a inflação é realmente muito alto, e parte desse custo é sentido a curto prazo. Mas eu diria, também, que o custo de não combater a inflação é muito mais alto, e é sentido a longo prazo, de uma forma muito mais severa”, enfatizou.