Após uma conversa no Ministério da Fazenda com o secretário executivo da pasta, Gabriel Galípolo, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, demonstrou otimismo para resolver o impasse sobre uma nova taxa para os empréstimos consignados aos aposentados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) até sexta-feira (24/3). A taxa foi reduzida, na semana passada, de 2,14% para 1,70%.
“A negociação continua até sexta-feira. Nós temos a expectativa de fechar o patamar atual. Vamos fechar até sexta feira. Então, nós estamos discutindo os conceitos como os últimos princípios. Temos de atender uma norma do Banco Central que prevê que toda operação de crédito consignado tem de ter rentabilidade positiva, portanto, tem de ter viabilidade econômica”, afirmou Sidney, aos jornalistas, após encontro com Galípolo.
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O presidente da Febraban contou que foi chamado para uma conversa no Ministério da Fazenda e teve duas reuniões. Uma de manhã e outra à tarde e há uma terceira prevista para sexta-feira. Na sequência, criticou o novo patamar de juros para o consignado determinado pelo governo sem aviso prévio. “O patamar de 1,7% ao mês não suporta os custos, a estrutura de custo, inclusive dos bancos públicos, que pararam a concessão. E nós estamos, portanto, com a concessão do consignado do INSS suspensa e estamos buscando resolver esse impasse”, afirmou o representantes dos bancos.
Na semana passada, o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) aprovou a redução de 2,14% ao mês para 1,7% mensais. Logo após a medida, os bancos privados suspenderam as operações para essa categoria de financiamento, e, na sequência, os bancos públicos Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil também interromperam os empréstimos. Ontem, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, da Fazenda, Fernando Haddad, e da Previdência Social, Carlos Lupi, estiveram reunidos para discutir o impasse, mas não chegaram a um acordo sobre qual seria o valor de uma taxa intermediária.
Apenas a Caixa retomará os empréstimos se a taxa for fixada em 1,81%. Os bancos privados pedem 1,9% ao mês, no máximo, e decidiram um meio termo entre 1,9% e 2%, de acordo com fontes do governo. O ministro teve uma conversa hoje com a presidente do Banco do Brasil Tarciana Medeiros, mas ela saiu pela garagem e não falou com os jornalistas. Semana que vem, Lupi deve convocar nova reunião do Conselho para aprovar a nova taxa.
“A Febraban está aqui exatamente para poder contribuir com essa discussão e, até sexta-feira, nós temos um patamar de compreensão completa, mas atual”, acrescentou o presidente da Febraban. Ele lembrou que os bancos públicos também interromperam a concessão de consignado. “Ou seja, Banco do Brasil e Caixa interromperam porque não conseguem trabalhar com a taxa de juros de ativos que vai estar abaixo de 2%”, frisou. “O que foi aprovado pelo presidente a respeito do poder de compra do consignado. Quando nós fomos chamados pelo Ministério da Fazenda a reabrir a negociação sobre o teto de juros do consignado, dando acesso a um impasse, nós precisamos ter esse impasse a toda disposição da Febraban no setor bancário, para que nós possamos encontrar um patamar que possa, de um lado, atender ao governo e, de outro lado, permitir a viabilidade econômica da operação de crédito consignado.
Lula admite “precipitação”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu que o anúncio do novo teto para os juros dos empréstimos consignados para aposentados do INSS foi “precipitado”, mas elogiou os esforços de seus ministros, afirmando que eles estão com “vontade de trabalhar”. Em entrevista ao portal 247, nesta terça-feira (21/3), o chefe do Executivo ressaltou que é importante que esse tipo de medida precisa ser acertada previamente com as instituições financeiras.
Na semana passada, o presidente chegou a dar uma bronca nos ministros que anunciam ideias antes de combinar com a Casa Civil. O puxão de orelha tinha endereço e um dos ministros era o Carlos Lupi, da Previdência, após a medida provocar a suspensão da oferta de crédito consignado por bancos públicos e privados.