Apesar de estar em alta na carteira das investidoras, o mercado de trabalho por trás de moedas digitais — pertencente ao mundo da Web 3.0 — ainda é amplamente dominado por homens. Um estudo da Exchange eToro, divulgado pelo Cointelegraph, revelou que o segundo ativo financeiro preferido das mulheres é a criptomoeda, atrás apenas do dinheiro em espécie.
Assim como no setor financeiro, outras áreas da nova era da internet espelham o campo das criptomoedas e contam com poucas mulheres como profissionais. No entanto, a Web 3.0 — focada na descentralização e democratização de toda a rede digital — envolve um universo de possibilidades e oportunidades para que o público feminino se destaque e alcance posições altas no setor.
Como forma de incentivar o protagonismo feminino nas carreiras da Web 3 no Mês das Mulheres, a especialista em marketing de influência e diretora de conteúdo no Mercado Bitcoin, Inaiara Florêncio, aponta cinco motivos para iniciar na área. Veja a seguir:
1° - Ocupar espaços:
Segundo a pesquisa “Quem Coda BR”, divulgada pela plataforma PretaLab em 2019, mais de 60% das equipes de tecnologia da informação no Brasil eram integradas, no máximo, por 20% de mulheres. Ou seja, no mercado de trabalho do setor, a disparidade de gênero ainda é um desafio a ser superado para que a diversidade torne-se realidade nas empresas.
Parte das etapas para alcançar a diversidade é a busca, por parte das profissionais femininas, por especialização e conhecimento na área. De acordo com Inaiara, um de seus principais objetivos é atuar na democratização da Web 3.0 para grupos politicamente minorizados, bem como atuar na questão de equidade de gênero com suas devidas intersecções, especialmente mulheres. “Sabemos que muitos espaços estão quase restritos para o padrão que já conhecemos: homens, em geral brancos e cisgêneros, e não vai haver mudança sem quebrar a barreira do conhecimento, que também tem limitações de alcance”, diz.
Inaiara acrescenta, ainda, que a escassez pode ser enxergada também como uma oportunidade para ocupar espaços. “Em muitos aspectos, períodos e lugares, as mulheres tiveram que ser pioneiras ao criarem posições para si mesmas em locais predominantemente ocupados por homens. Na tecnologia e na Web 3.0, temos a oportunidade de não repetir os mesmos erros da Web 2.0”, destaca.
2° - Flexibilidade no trabalho:
Seja no horário, no formato de trabalho ou no modo de se vestir dentro da empresa, as carreiras em tecnologia são, muitas vezes, as que mais oferecem oportunidades flexíveis. Um dos motivos é a possibilidade de realizar as tarefas em projetos focados na metodologia ágil — que busca a rapidez nos processos e finalização das etapas com mais eficiência. Outra razão para a flexibilidade, especialmente a relacionada ao formato de trabalho, é a possibilidade de alinhar as atividades e até mesmo desenvolvê-las à distância, o que permite a existência de vagas 100% remotas.
Inaiara aponta que, especialmente nas carreiras na Web 3.0, a flexibilização pode ir muito além do horário e formato de trabalho. “Há muitas possibilidades de atuação na nova era da internet, na área de finanças, artes e jogos, por exemplo. Por isso, várias ocupações estarão ligadas à criatividade e, principalmente, ao descolamento das ideias tradicionais para a geração de inovação”, explica.
3° - Inovação e criatividade:
A Web 3.0 é marcada pelo desenvolvimento de inovação, logo, essa é uma das principais vantagens para quem decide iniciar uma carreira na área. Por estar bastante ligada à revolução da internet que conhecemos, os profissionais desse setor vão sempre lidar — direta ou indiretamente — com a criatividade.
A especialista esclarece a relação entre a nova era da internet e a questão criativa e inovadora dela. “A inovação e a criatividade são indissociáveis da Web 3.0, já que ela é construída e evolui todos os dias a partir desses elementos. Por isso, as carreiras dentro dela também incluem o desenvolvimento de um novo mundo, que envolve temas como tokenização, realidade virtual, inteligência artificial e muitos outros que são novos e criativos por si só”, afirma.
Para ela, o setor precisa de mais mulheres para gerar inovação. “A diversidade é essencial para o desenvolvimento de novas ideias em qualquer âmbito. No entanto, ainda há uma grande lacuna na realização de ações efetivas para trazer mulheres para as profissões dentro da nova fase da web”, afirma.
4° - Democratização e descentralização da internet:
Uma das principais propostas da Web 3.0 é a descentralização da internet, ou seja, a possibilidade de depender menos ou ser independente de grandes plataformas para o armazenamento de dados e realização de transações, por exemplo. Por isso, há uma série de tecnologias desenvolvidas para propiciar a criação dessa nova era da web, como é o caso da tokenização.
Em relação à democratização, Inaiara explica que, por meio do maior controle sobre os próprios dados e conteúdos gerados, os usuários também terão mais poder de escolha. “Hoje, ainda dependemos de intermediários em vários aspectos, como realizar pagamentos e publicar nossas criações, o problema é que não tínhamos outra opção. Na Web 3.0, cada um é dono das próprias informações”, esclarece.
Sendo assim, ao optarem por carreiras dentro do setor, as mulheres têm a chance de contribuir com o desenvolvimento de uma revolução, pautada na democratização da internet, que inclui a possibilidade de se desvincular de grandes monopólios para usufruir das vantagens da web.
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