São Paulo – O presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, tem como objetivo popularizar o mercado de seguros no país, aumentando em 20% a população atendida pelo mercado e ampliar a receita do setor em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do país até 2030 de 6,5% para 10%, passando de cerca de R$ 700 bilhões para algo em torno de R$ 1 trilhão. E, para isso, a entidade lançou, nesta quinta-feira (16/3), em São Paulo, o Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros, Previdência Aberta, Saúde Suplementar e Capitalização (PDMS).
São 65 iniciativas divididas em quatro eixos: desenvolvimento da imagem do setor junto aos consumidores, qualificação e desenvolvimento dos canais de distribuição, aperfeiçoamento, modernização e lançamento de produtos e melhor eficiência regulatória, especialmente no desenvolvimento do mercado para o Open Insurance, plataforma aberta de seguros.
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“O plano é um esforço conjunto da percepção da importância do seguro, porque ele é muito mais importante para quem tem menos renda do que os que têm mais renda”, destacou Oliveira, durante a abertura do evento. Ele acrescentou que, no último ano, o setor de seguros pagou R$ 450 bilhões de indenizações, tratamentos, prêmios e resgates e financiou 25% da dívida pública do país.
Outra meta do plano é elevar o pagamento de indenizações, benefícios, sorteios, resgates e despesas médicas e odontológicas dos atuais 4,6% do PIB para 6,5% do PIB, de acordo com Oliveira. “O setor carece de um direcionamento e precisamos remar na mesma direção”, destacou o presidente da CNSeg, justificando o porquê da necessidade de se criar um plano com metas para o segmento. “O PDMS tem uma visão moderna cujo foco principal é o consumidor, e, por isso, pretendemos ampliar a cobertura para a população”, acrescentou.
“O plano foi criado a partir da percepção de que o mercado de seguros pode gerar mais reservas para a poupança nacional e direcionar mais recursos para importantes projetos nacionais, ao apoiar iniciativas públicas e privadas”, ressaltou o presidente da CNSeg. E lembrou que há muitos seguros baratos, como o residencial e o de vida, que são desconhecidos por grande parte da população.
Seguro de obras
Além disso, Oliveira apontou que, diante do excesso de chuvas no país, as perdas materiais em casos como a tragédia de São Sebastião, no litoral paulista, poderiam ser minimizadas com uma melhor gestão pública e maior preocupação das autoridades em procurar fazer parcerias com o mercado segurador.
De acordo com ele, no caso do Minha Casa Minha Vida, o governo já está com essa preocupação na nova medida provisória, publicada recentemente, que relança o programa. “O governo entendeu a necessidade do seguro para as obras, que serão monitoradas pelas seguradoras”, contou o ex-ministro do Planejamento. Segundo ele, os valores em receita são baixos, mas é uma forma de “contribuição social do setor”.
A modernização da linguagem, tornando os produtos mais simples, e o foco na sustentabilidade ambiental serão alguns dos pilares da forma para desenvolvimento do segmento de seguros junto aos consumidores, que serão o foco do plano lançado pela CNSeg e que será implementado pelas empresas do segmento, destacou Andreia Vairo, diretora de clientes da Prudential no Brasil.
Durante o evento, Angelica Carlini, sócia e diretora da Carlini Sociedade de Advogados, disse ainda que existem muitas barreiras para a contratação do seguro em várias modalidades e que muitos consumidores não compreendem a importância como responsabilidade civil e risco de crédit. Para isso, asegundo ela, a regulação mais moderna é essencial, adaptando o seguro às necessidades da população, que está cada vez mais longeva. "É preciso trabalhar fortemente na popularização e na modernização dos seguros”, defendeu.
A CNseg congrega as empresas que compõem o setor, reunidas em quatro entidades: Federação Nacional de Seguros (FenSeg), Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) e Federação Nacional de Capitalização (FenaCap). O plano foi desenvolvimento em seis meses em um trabalho conjunto das entidades em parceria com a Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados (Fenacor).
Desenho
O desenho do PDMS, documento com 84 páginas publicado pela CNSeg que possui diagnóstico do cenário macroeconômico para o Brasil, foi feito pelas consultorias RC Consultores e Silcon Estudos Econômicos, mostrando que entre 1995 e 2022, o país cresceu 2,2% menos do que a média global, de 3,5%. De acordo com os economistas Paulo Rabello de Castro e Claudio Contador, o potencial do mercado para o crescimento é grande e poderá contribuir para que a economia brasileira consiga crescer um pouco mais até 2030.
Para Rabello de Castro, nesse sentido, para conseguir crescer mais o Brasil precisa eliminar as ineficiências, algo que, na avaliação dele, é uma vantagem para o país. “A partir da remoção das ineficiências, o país cresce e, portanto, é possível levar o mercado segurador para 10% do PIB até 2030”, garantiu.
O secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto, que participou da abertura do evento, concordou com Oliveira na afirmação de que o seguro é mais importante para os mais pobres. Ele elogiou a iniciativa do plano, que chamou de “ambicioso”. “O Ministério da Fazenda acredita que o mercado de seguro é fundamental para o país. Sabemos que é pouco visível para a população em geral, mas ele não é invisível para o ministério, porque garante uma boa parte da poupança popular para investimentos no país. Nós entendemos que há muito o que fazer e nosso diagnóstico é que há muito espaço para crescer no Brasil”, afirmou ele, lembrando que o mercado de seguros no Brasil “ainda está aquém dos países desenvolvidos”.
Crescimento
Apesar da desaceleração da economia em 2022, o setor de seguros registrou crescimento de dois dígitos no ano passado. Conforme dados da CNSeg, a receita do setor aumentou 16,2%, na comparação com 2021, para R$ 355,9 bilhões em arrecadação, sem saúde e Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT). Já o pagamento de indenizações, benefícios, resgates e sorteios avançou 15,5%, na mesma base de comparação, para R$ 219,4 bilhões.
O setor de seguros de saúde, por sua vez, encerrou 2022 com perdas em torno de R$ 11 bilhões, de acordo com dados da FenaSaúde.
*A jornalista viajou a convite da CNSeg
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