O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, nesta segunda-feira (13/3), que pretende se reunir com demais integrantes do ministério e do Banco Central para avaliar os impactos da quebra de dois bancos nos Estados Unidos na economia brasileira. "A crise com dois bancos regionais nos EUA está sendo monitorada pelo ministério", disse Haddad.
Além do Silicon Valley Bank (SBV) - que está sob intervenção do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos -, o Signature Bank, de Nova York, também quebrou no fim de semana. Com isso, o mundo pode voltar a viver uma nova crise financeira global, como a que ocorreu entre 2008 e 2009, após a falência do Lehman Brothers, banco que o governo norte-americano se recusou a resgatar.
As bolsas internacionais abriram a semana em queda e a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) acompanhou o mercado externo e abriu o pregão de hoje com queda de 0,9% a 102,7 mil pontos.
“Passei o final de semana conversando com o presidente da autoridade monetária no Brasil, Roberto Campos Neto, que está no BIS (o banco central dos bancos centrais, sediado na Europa), e tivemos contato ao longo do fim de semana, e tenho falado com os bancos para saber a percepção de risco. O que posso adiantar é que as informações ainda não são suficientes para sabermos o tamanho do problema”, afirmou Haddad, em Brasília, em evento realizado pelos jornais Valor Econômico e O Globo. Ele contou que, após o evento, fará uma reunião para ter mais informações e fazer um acompanhamento ao longo do dia.
Na avaliação de Haddad, o governo dos EUA está agindo de forma mais rápida, a fim de evitar um problema sistêmico no sistema financeiro, garantindo saques dos correntistas. No domingo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu punir os responsáveis pela quebra das duas instituições.
Novo arcabouço fiscal
O ministro reafirmou que a proposta do novo arcabouço fiscal está pronta e será apresentada nesta semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Antes, ele contou que pretende conversar com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. “Eu pedi audiência com o vice e espero ser recebido por ele ainda hoje”, afirmou.
Na avaliação do ministro, o sistema bancário brasileiro é mais robusto e mais resiliente, a exemplo do que aconteceu em 2008, pois o país tinha um colchão de reservas internacionais que ajudou a amenizar o impacto da crise global.
“Estamos em um momento de turbulência internacional e diria que tem uma gordura no Brasil. Temos um espaço que o mundo não tem”, disse ele, sinalizando que há espaço para queda dos juros pelo Banco Central Brasileiro, ao contrário dos outros países. Atualmente, a taxa básica de juros (Selic) está em 13,75% e a expectativa do mercado é que o Comitê de Política Monetária (Copom) ainda não deve iniciar um ciclo de queda, porque vai esperar a apresentação do arcabouço e sua respectiva aprovação pelo Congresso.
“O Brasil cumpre os acordos internacionais de Basileia com folga e isso nos dá uma robustez muito grande. Em 2008, o país tinha, se eu não me engano, mais de US$ 300 bilhões de reservas internacionais. Seguramos muito bem (a crise global) e crescemos muito em 2010”, afirmou o ministro, em referência à alta do PIB de 7,5% naquele ano.
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