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Polêmica

Produtores de Biodiesel rebatem setor produtivo, que pede revisão de combustível

Representantes das indústrias de combustíveis, de transportes e montadoras de veículos e máquinas foram duros em nota contra o setor produtivo. Para eles, os produtores estão atuando para garantir reserva de mercado contra a concorrência de biocombustíveis.

A previsão de reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para a próxima sexta-feira (17/3) está movimentando o setor energético, uma vez que tanto a área produtiva quanto os fabricantes de biodiesel esperam uma revisão sobre a composição do diesel. 

Nesta quinta-feira (9/3), representantes das indústrias de combustíveis, de transportes e montadoras de veículos e máquinas, além de entidades de transportes como a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), foram duros em nota emitida à imprensa contra o setor produtivo. Para eles, os produtores estão atuando para garantir reserva de mercado contra a concorrência de biocombustíveis. 

Os transportadores dizem que o atual biodiesel é de má qualidade. "O biodiesel produzido hoje no Brasil é o de base éster. A característica química desse biodiesel gera problemas como o de criação de borra, com alto teor poluidor. Na prática, esse sedimento danifica peças automotivas, bombas de abastecimento, geradores de hospitais, máquinas agrícolas e motores estacionários", afirmaram em nota.

A nota das transportadoras causou reação dos produtores, que emitiram também uma nota à imprensa. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) oferecem uma larga quantidade de pesquisas e estudos referendados pela ANP e pelo MME atendendo as recomendações do Relatório de consolidação dos testes e ensaios para validação da utilização de Biodiesel B15 em motores e veículos.

Atualmente, a composição do biodisel inclui 10% de diesel fóssil. Assim, existe a expectativa de que a composição suba a cada bimestre, 12%, 13%, 14% até chegar a 15% em março de 2024, com testes feitos pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). E acusaram as entidades de volta: 

"A manifestação desta quinta-feira (9/03) é claramente contra a política de combustíveis renováveis iniciada em 2005 pelo atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Uma política que, além de reduzir a emissão de poluentes provenientes de combustíveis fósseis e minimizar gastos com a importação bilionária de diesel, também gera oportunidades de promoção socioeconômica para milhares de agricultores familiares, dá destinação ao excedente de óleo de soja e óleos residuais e gordura animal, e agrega valor às cadeias de soja e de proteína animal, com influência positiva sobre o preço de alimentos para os consumidores", avaliam.

E que, para subsidiar as mudanças, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) afirma que oferecem uma larga quantidade de pesquisas e estudos conduzidos por entidades sérias e referendados pela ANP e pelo Ministério de Minas e Energia (MME), em atendimento às recomendações do Relatório de consolidação dos testes e ensaios para validação da utilização de Biodiesel B15 em motores e veículos. 

Congresso

A Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) do Congresso Nacional também veio a público contestar as manifestações das entidades empresariais. De acordo com a nota divulgada à imprensa, os ataques ao biodiesel são negacionismo técnico-científico e atingem diretamente governo, parlamentares e setor produtivo. Os párlamentares também prometem se mobilizar para o debate sobre o tema na próxima semana, às vésperas da reunião. 

"Negacionismo das entidades empresariais ataca qualidade do biodiesel, os produtores rurais de soja, os agricultores familiares, o setor industrial e que, indiretamente, criticam acidamente o governo, os parlamentares, os pesquisadores e cientistas e também a ANP", avaliam.

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