O Produto Interno Bruto (PIB) do país recuou 0,2% no quarto trimestre de 2022, encerrando o ano com crescimento de 2,9%, totalizando R$ 9,9 trilhões. Segundo os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o indicador, que mede o nível da atividade econômica, veio abaixo da estimativa dos analistas ouvidos pelo Correio, que esperavam um crescimento de 3%.
Ao longo do ano passado, a economia brasileira mostrou clara tendência de desaceleração. Depois de avançar 1,3% no primeiro trimestre, o PIB reduziu o ritmo para 0,9% no segundo e 0,3% no terceiro, até entrar em terreno negativo nos últimos três meses. Inflação e juros altos, dissipação do impulso da retomada pós-pandemia, renda baixa e menor disposição para o consumo são alguns dos motivos listados para explicar o crescimento mais tímido.
Ao repercutir o resultado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alegou que a "economia brasileira não cresceu nada no ano passado" e defendeu investimentos. "O desafio é fazer a economia voltar a crescer, e temos que fazer investimentos, não permitir que nenhuma obra continue paralisada. Todas as obras que estão em andamento temos que fazer ela voltar a funcionar, seja casa, estrada, ponte, ferrovia", apontou, em solenidade no Palácio do Planalto.
O PIB per capita, por sua vez, que corresponde ao valor médio agregado por indivíduo, alcançou R$ 46.155 no ano passado, um avanço, em termos reais, de 2,2% em relação a 2021.
A expansão registrada no ano foi puxada, principalmente, pela alta nos serviços (4,2%), que representam 78% do PIB doméstico. "Desses 2,9% de crescimento em 2022, os serviços foram responsáveis por 2,4 pontos percentuais. Além de ser o setor de maior peso, foi o que mais cresceu, o que demonstra como foi alta a sua contribuição na economia no ano", observou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Segundo a pesquisadora, o avanço anual do setor pode ser explicado pela retomada das atividades presenciais mais intensa depois de dois anos de medidas restritivas por conta da pandemia. "As duas atividades que mais chamaram a atenção foram transportes e outros serviços — que inclui categorias de serviços pessoais e serviços profissionais. Foi uma continuação da retomada da demanda pelos serviços após a pandemia de covid-19. Em outros serviços, podemos destacar setores ligados ao turismo, como alimentação, alojamento e aluguel de carros", explicou Palis.
A indústria teve alta de 1,6% em 2022. A surpresa negativa foi a agropecuária, que encerrou o ano com recuo de 1,7%. Segundo o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, "a desaceleração do crescimento ao longo do ano e a retração no último trimestre de 2022 já eram esperadas devido ao cenário internacional de retração da liquidez e ao ciclo contracionista da política monetária no Brasil".
O consumo das famílias fechou 2022 com alta de 4,3% em relação ao ano anterior, o maior salto desde 2011, e a maior contribuição, elo lado da demanda, para o crescimento da economia, de acordo com o IBGE. "Se pela ótica da oferta quem puxou foi o setor de serviços, na ótica da demanda foi o consumo das famílias", destacou a coordenadora de Contas Nacionais do órgão.
Investimentos
Ainda do ponto de vista da demanda, houve alta de 0,9% da Formação Bruta de Capital Fixo, que representa os investimentos feitos na economia. Foi o segundo ano consecutivo de crescimento, mas em níveis moderados. O consumo do governo, por sua vez, subiu 1,5%.
As projeções para o PIB de 2023 indicam elevação de 0,8%, seguindo a tendência de desaceleração. O baixo crescimento, de acordo com os analistas, pode ser explicado pelos efeitos refratários da elevação dos juros ao longo de 2022. "A desaceleração global, os nossos desafios fiscais, as condições financeiras apertadas e as preocupações que cercam o mercado de crédito desenham uma perda contínua de fôlego da atividade", destacou o economista do Banco Original Eduardo Vilarim. (Colaborou Ingrid Soares)
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