JURO

Para Haddad, taxas do rotativo do cartão de crédito são "estratosféricas"

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, diz que governo prepara pacote de, pelo menos, 12 medidas na área de crédito e reforça que "há espaço para cair" os juros do cartão de crédito e do cheque especial

Rosana Hessel
postado em 31/03/2023 19:35
Haddad lembrou que, assim como o governo conseguiu chegar a um acordo para reduzir o teto de juros dos empréstimos consignados para aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), agora, a equipe econômica trabalha em um pacote de 12 medidas para estimular o crédito que deverá incluir ações no rotativo também. -  (crédito:  Fotográfo/Agência Brasil)
Haddad lembrou que, assim como o governo conseguiu chegar a um acordo para reduzir o teto de juros dos empréstimos consignados para aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), agora, a equipe econômica trabalha em um pacote de 12 medidas para estimular o crédito que deverá incluir ações no rotativo também. - (crédito: Fotográfo/Agência Brasil)

Apesar de evitar atacar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como costumam fazer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros integrantes do governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, preferiu atacar os juros do rotativo do cartão de crédito e afirmou que “há espaço para cair”, pois as taxas são “estratosféricas”. O ministro ainda reforçou que o governo está preparando um pacote com, pelo menos, 12 medidas na área de crédito para estimular a economia.

Haddad lembrou que, assim como o governo conseguiu chegar a um acordo para reduzir o teto de juros dos empréstimos consignados para aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), de 2,14% para 1,97% ao mês, agora, a equipe econômica trabalha em um pacote de 12 medidas para estimular o crédito que deverá incluir ações no rotativo também.

“Estamos com um grupo de estudos para o rotativo, que é outro abuso que é cometido hoje. Eu falava aqui com o representante de bancos dizendo. Olha só como para a própria imagem de vocês, porque é uma coisa que não tem explicação. Você não consegue explicar no Brasil nem no exterior, uma taxa praticada disso, independentemente de estar alta taxa Selic do Banco Central, o rotativo não está alto, é uma coisa que está estratosférica”, afirmou Haddad, nesta sexta-feira (31/3), a jornalistas, em São Paulo, após uma série de reuniões com empresários e agentes do mercado financeiro.

“O governo tomou providências para salvaguardar a economia dos nossos aposentados e toda a renovação de empréstimo consignado estava pagando taxas exorbitantes”, destacou o chefe da equipe econômica do presidente petista, ao comentar sobre a definição da nova taxa do consignado para aposentados, após a confusão com os bancos públicos e privados gerada pelo ministro da Previdência, Carlos Lupi, que reduziu unilateralmente o teto para 1,70% ao mês.

Conforme dados do Banco Central, as taxas médias no rotativo do cartão de crédito para a pessoa física somaram 417,4% ao ano no mês de fevereiro. No mesmo mês de 2022, esse custo estava em 355,2% ao ano, patamar ainda elevado se comparada com a taxa básica da economia, de 13,75% anuais, que são constantemente criticadas por Lula e seus aliados.

O ministro contou que o governo pretende tomar providências para uma espécie de modulação, a fim de chegar a um “bom termo”, a exemplo do que aconteceu com os juros do cheque especial. “Isso já aconteceu no passado com o cheque especial, que ainda é alto, mas foi modulado. Há espaço para cair o juro do cheque especial, mas, no caso do cartão de crédito, sobretudo o juro do rotativo, é uma exorbitância que precisa ser corrigida”, frisou.

Apartidarismo

Ao ser questionado sobre o comentário vago de Campos Neto sobre o arcabouço fiscal, apesar de ele ter sido uma das primeiras pessoas para quem Haddad apresentou o desenho, o ministro da Fazenda evitou criar novas polêmicas e ruídos.

“Olha, eu estou procurando, da minha parte, fazer o melhor papel possível para aproximar a autoridade do Banco Central do governo para que ele se comporte como uma agência do Estado brasileiro apartidária, que não se envolve em política, mas que ajuda a construir um cenário econômico melhor para os investidores”, afirmou.

De acordo com Haddad, o papel dele é prestar as informações e tomar as medidas que “parecem as mais adequadas, do ponto de vista do governo, para endereçar aquilo que interessa à população brasileira” e estava no programa de governo desde a eleição.

“Nós vamos buscar o financiamento dos programas sociais, o financiamento adequado e a autoridade monetária pode responder a isso. Agora sim, ele foi apresentado ao arcabouço. Reagiu a ele, com pouquíssimas ressalvas, diga se de passagem, muito próximo daquilo que nós conversamos. Portanto, eu penso que, quando o texto for entregue ao Congresso Nacional, também esse tipo de ruído vai desaparecer do cenário”, afirmou.

Pacote de crédito

De acordo com Haddad, em abril, o governo vai soltar um pacote de, pelo menos, 12 medidas na área de crédito, “para melhorar o ambiente de crédito no Brasil”.

“Isso vai desde aval para PPPs(Parcerias Público-Privadas), que são grandes investimentos em infraestrutura, passa por debêntures que não pagam Imposto de Renda, até garantias que são dadas no sistema de crédito para baixar o chamado spread, que é o quanto o juro cobra mais do que ele paga de captação. Começamos a replanejar o Brasil a partir dessa nova medida, que vai acomodar uma série de outras medidas necessárias para equilibrar a economia brasileira”, enumerou.

 

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