Contas públicas

Dívida pública cresce 1,51% em fevereiro, puxada por aumento do custo com juros

Em fevereiro, a Dívida Pública Federal aumentou R$ 87,3 bilhões, em relação a janeiro, totalizando R$ 5,856 trilhões. Custo médio de emissões dos títulos emitidos no mercado interno chega a 12,44% ao ano, o maior desde março de 2017

Rosana Hessel
postado em 29/03/2023 17:35
 (crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
(crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O estoque da Dívida Pública Federal (DPF), que inclui os títulos públicos emitidos nos mercados interno e externo, cresceu R$ 87,3 bilhões (alta de 1,51%) em fevereiro na comparação com janeiro, somando R$ 5,856 trilhões, conforme dados do Tesouro Nacional divulgados nesta quarta-feira (29/3). O dado, no entanto, está R$ 95 bilhões abaixo dos R$ 5,951 trilhões contabilizados em dezembro de 2022.

De acordo com dados do Tesouro, o aumento do estoque da DPF ocorreu em todos os grupos em fevereiro. O maior impacto acabou sendo o encarecimento do custo de emissões dos papéis do governo. A apropriação de juros no mês somou R$ 54,38 bilhões e, no ano, R$ 102,42 bilhões.

Os números divulgados pelo órgão ligado ao Ministério da Fazenda mostram que o custo médio acumulado em 12 meses da DPF passou de 10,50%, janeiro, para 10,86%, em fevereiro, o maior patamar desde junho de 2022, conforme os dados do Tesouro. Enquanto isso, o custo médio das emissões da Dívida Pública Federal interna (DPMFi) chegou a 12,44%, em fevereiro, o maior patamar desde março de 2017.

De acordo com Luis Felipe Vital, coordenador-Geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro, os fatores que pressionam o custo da dívida pública mudaram, pois passaram da inflação para a taxa básica de juros (Selic). Ele lembrou também que apertos monetários realizados pelos bancos centrais de países desenvolvidos, que estão em um ciclo longo de alta dos juros no mercado internacional para conter a inflação, têm afetado os mercados emergentes.

“Dados fortes de atividade dos Estados Unidos levaram a uma mudança nas expectativas do mercado, que passou a precificar mais altas na taxa básica de juros. Esse cenário, de forma geral, é menos favorável para os emergentes”, reconheceu o técnico, em entrevista a jornalistas para o detalhamento do relatório mensal.

As reservas de liquidez do Tesouro somaram R$ 996 bilhões em fevereiro, dado 4,5% superior aos R$ 953 billhões de janeiro. Esses dois meses marcam os menores patamares desde fevereiro de 2021. Esse caixa de fevereiro, de acordo com Vital, é suficiente para cobrir 6,87 meses de vencimentos dos títulos públicos, abaixo do prazo de 7,62 meses registrado em janeiro. Vital explicou que o colchão aumentou, mas o índice é menor devido aos indicadores da dívida dos meses à frente.

Os dados preliminares de março mostram que o prazo do índice de liquidez voltou a aumentar e está um pouco acima de 9 meses. A explicação é que houve um volume grande de vencimento em 1º de março, em torno de R$ 180 bilhões, e, com isso, o prazo do colchão de liquidez acabou diluindo e está acima do limite prudencial, de três meses. Em setembro, haverá grande volume de vencimentos, de aproximadamente R$ 300 bilhões.

Detentores

Os dados do Tesouro mostram ainda que as instituições financeiras são os principais detentores dos títulos da dívida pública federal e registraram aumento de 3,2% no volume do total, entre janeiro e fevereiro, para R$ 1,561 trilhão, o equivalente a 27,8% da DPMFi. A fatia dos investidores estrangeiros encolheu de 9,79% para 9,76%, somando R$ 547,9 bilhões. Os fundos de investimento e os planos de previdência responderam por 24,8% e 22,8% do estoque da dívida pública interna, respectivamente.

De acordo com dados do Tesouro, o estoque da DPMFi cresceu 1,48%, para R$ 5,617 trilhões, resultado da emissão líquida de R$ 33,5 bilhões e do aumento da conta de juros, de R$ 48,7 bilhões. A dívida externa, por sua vez, cresceu 2,21% sobre o estoque de janeiro, para R$ 239,1 bilhões, ou US$ 45,9 bilhões.

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