Com atenção ao ESG - sigla em inglês que significa ambiental, social e governança -, a Associação de Terminais Portuários Privados (ATP) lançou, nesta terça-feira (28/3), em Brasília, o primeiro guia de sustentabilidade voltado ao setor portuário do mundo. O guia apresenta medidas para a adequação do setor aos desafios colocados pela mudança climática para a indústria portuária.
A publicação Guia de Melhores Práticas de Sustentabilidade Portuária: A Estratégia ESG é fruto de uma parceria entre a ATP e o grupo de pesquisa LabPortos da Universidade Federal do Maranhão (UFMA); a Associação Brasileira das Entidades Portuárias e Hidroviárias (ABEPH); e a Confederação Nacional dos Transportes (CNT). O guia apresenta as melhores práticas para ampliar os valores de sustentabilidade na operação portuária nos terminais brasileiros.
A publicação é inédita no mundo e acontece no momento em o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU) divulga um novo relatório que alerta que, mantidas as atuais taxas de emissões, o aquecimento global deve crescer 1,5°C nas próximas duas décadas, e não até o fim do século, como era esperado. Segundo o relatório, será necessário antecipar e ampliar as metas de transição para uma economia verde para evitar esse crescimento de 1,5ºC em um prazo tão curto, algo que, alertam os especialistas, terá efeitos catastróficos.
Melhores práticas
O guia brasileiro destaca 42 melhores práticas ambientais, 43 sociais e 13 de governança nos portos privados e públicos do país. As práticas foram classificadas como políticas, programas, processos, planos, projetos e parcerias e podem guiar a transição verde do setor.
Outra função da publicação é subsidiar os órgãos reguladores do setor de infraestrutura e logística na criação de normas e resoluções das condutas sustentáveis do setor. A iniciativa é positiva para a coordenadora do licenciamento ambiental de portos e estruturas marítimas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Janaína Cunha Vieira. “Uma das coisas que a gente anseia é ver essa cooperação dos setores se unindo e discutindo esses temas”, disse.
O coordenador técnico do estudo e organizador do guia, o doutor em engenharia naval e oceânica Sérgio Cutrim, professor da UFMA e coordenador do LabPortos, ressalta que a visão moderna de sustentabilidade está atrelada à inovação. “Em outro momento, a sustentabilidade era vista como um centro de custo, hoje isso não é mais verdade, ela deve fazer parte da estratégia da organização. Ela pode, inclusive, alavancar novos negócios, ao mesmo tempo em que contribui ambiental e socialmente”, afirmou.
Diretor-presidente da ATP, que representa os Terminais de Uso Privado (TUP), almirante Murillo Barbosa disse que o guia “reforça o compromisso da entidade e de seus associados no desenvolvimento de novos padrões de qualidade e desempenho, visando garantir a evolução portuária de maneira sustentável”. Segundo ele, a publicação preenche lacuna no setor portuário e servirá como referência de melhores práticas, além de apresentar soluções de inovação e estimular o planejamento ambiental de forma integrada.
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