O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerou que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na manhã desta terça-feira (28/3), acabou sendo mais amena do que o comunicado da semana passada, “a exemplo da ata anterior” e com “termos mais condizentes com as perspectivas de harmonização” entre as políticas fiscal e monetária. E nesse sentido, disse que o BC também tem que ajudar o governo.
“Eu acredito que (a ata) está em linha com o comunicado, mas, da mesma forma que aconteceu no Copom anterior, a ata, com mais mais tempo de preparação, veio com termos, eu diria, mais condizentes com as perspectivas futuras de harmonização da política fiscal com a política monetária, que é o nosso desejo desde sempre”, afirmou Haddad, aos jornalistas, na entrada do Ministério da Fazenda, após reunião do Palácio do Alvorada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O tema principal da conversa com Lula foi a nova taxa para os empréstimos do consignado para aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
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Na semana passada, o Copom manteve em 13,75% ao ano a taxa básica da economia (Selic), mesmo patamar desde agosto de 2022, apesar das pressões do presidente Lula e de integrantes do governo, que defendem uma queda dos juros. Na ata da segunda reunião do Comitê divugada hoje, o Copom reforçou a necessidade do equilíbrio fiscal para ancorar as expectativas de inflação, que continuam piorando e manteve o alerta de que “não hesitará” em aumentar os juros se “caso o processo de desinflação não transcorra como esperado", ou seja, se as pressões inflacionárias persistirem.
Contudo, na ata, o Copom acrescentou a necessidade de harmonização entre a política monetária e fiscal, sinalizando um alinhamento com o discurso de Haddad, que é mais comedido do que Lula e outros ministros nas críticas ao Banco Central, presidido pelo economista Roberto Campos Neto, o novo vilão dos petistas mais aguerridos.
O ministro destacou que busca fazer a parte que lhe cabe, tentando reduzir a evasão fiscal, fazendo um “combate forte à sonegação” e revendo algumas desonerações que, do ponto de vista dele, “não se justificam mais”. “Nós estamos fazendo um trabalho de combate forte à sonegação, revendo algumas desonerações que, do nosso ponto de vista, não se justificam mais, sem tirar o pobre do Orçamento, porque isso é o compromisso de campanha”, afirmou.
Haddad ressaltou ainda que trabalha para o governo ter um Orçamento “condizente com aquilo que o eleitorado aprovou nas eleições de 2022”, garantindo que não houvesse corte nos benefício, sobretudo à população que, hoje, mais conta com o apoio governamental “para, no pós-pandemia, reorganizar sua vida”. “E, ao mesmo tempo, que nós venhamos a ter contas equilibradas a partir de um conjunto de situações que não se justificam mais. E é isso que nós vamos fazer”, afirmou.
"O BC também tem que nos ajudar"
Ao ser questionado sobre a recomendação do Banco Central de que é preciso calma e serenidade para aguardar o recuo da inflação, uma vez que, pelo discurso do Copom na ata, as pressões sobre os preços também ocorrem devido à demanda, uma das justificativas para a manutenção da Selic em um patamar mais elevado, ele se comprometeu em lançar novas medidas para ajudar o BC no trabalho de conter a inflação.
“Nós vamos fazer. O Banco Central também tem que nos ajudar. É um organismo que tem dois braços, um ajudando o outro. Eu sempre insisto nesta tese, porque dá a impressão de que um é espectador do outro. E não é assim que a política econômica tem que funcionar. São dos dois lados ativos, concorrendo para o mesmo propósito, o mesmo mesmo objetivo, que é garantir crescimento com baixa inflação. E isso só é possível pela harmonização da política fiscal com a monetária”, afirmou.
De acordo com Haddad, o governo conseguirá atingir seu objetivo que é, depois de 10 anos, “voltar a crescer de maneira sustentável”. “Este é o desejo do presidente”, finalizou.
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