Bem-estar

CB Agro: especialista comenta as qualidades da pitaya, fruta em alta no DF

Fábio Faleiro, pesquisador e chefe adjunto da transferência de tecnologia da Embrapa Cerrados, listou as propriedades da 'fruta do dragão'. Além de benéfica para a saúde, tem diferentes teores de doçura e versatilidade de receitas

Mariana Albuquerque*
postado em 17/03/2023 22:24
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Pesquisador e chefe-adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa Cerrados, Fábio Gelape Faleiro é especialista em uma fruta que vem conquistando apreciadores. Trata-se da pitaya, também conhecida como fruta do dragão. Segundo o pesquisador, existem diversas espécies da fruta, originária da América Central e de outros países, mas com uma variante genuinamente brasileira. Aquelas nas cores amarelo ou branco, por exemplo, são mais doces do que outros tipos, como as vermelhas. Essas são mais famosas, com um “sabor mais leve”, segundo Faleiro.

Além da versatilidade no sabor, a pitaya tem importantes propriedades benéficas para a saúde. "É basicamente uma fruta rica em fibras. Ajuda a controlar o sistema digestivo, controlar o diabetes, o colesterol", comenta o pesquisador, convidado do CB.Agro, parceria entre a TV Brasília e o Correio Braziliense desta sexta-feira (17). 

O especialista explicou que o cultivo da pitaya está em franca expansão no DF. Segundo ele, é comum as pessoas cultivarem até no quintal, muitas vezes por se tratar de uma planta ornamental. A pitaya está em crescente consumo no país, porém tem um cultivo novo, já que as tecnologias e o ensino para esse alimento tem evoluído nos últimos 20 anos.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista. Para assistir ao programa completo, clique abaixo.



Por que a pitaya é conhecida como fruta do dragão?

A fruta do dragão vem da aparência escamosa do fruto. Na verdade, essas escamas são braquetes que ficam salientes no fruto, então lembra uma pele de dragão. A origem dessa fruta é a América Central, o México e alguns países sul-americanos, como Colômbia e Peru. É interessante que nós temos espécies de pitayas nativas do Brasil. E essa nativa do Brasil é chamada de saborosa. Dizem que a mais saborosa do mundo é a nativa do Brasil. A pitaya é exótica pelo fato de ser uma fruta muito bonita no mercado, e com mercados exigentes em termos de aparência e de custo. É chamado exótico, mas na verdade a gente tem plantas ou espécies nativas do Brasil. É basicamente do Cerrado. Na região de transição com a Amazônia, como o semiárido, há vários locais com espécies nativas.

E sobre os diferentes tipos das espécies?

A gente tem uma diversidade muito grande de espécies. A mais comum, que tem maior expressão comercial, é a pitaya vermelha de polpa branca. É levemente doce. Temos a pitaya vermelha de polpa roxa. A fruta tem um sabor interessante de doçura, de leve acidez. Temos a espécie nativa do Brasil, que a gente chama de "saborosa". Essa espécie tem uma particularidade, pois reúne uma combinação muito perfeita de doçura com acidez. Dizem que essa pitaya nativa do Brasil tem um sabor aprimorado. E nós temos também uma espécie que é a pitaya amarela. É a mais doce que a gente encontra.

A doçura é um critério para distinguir as espécies?

Sim, a pitaya realmente tem esse diferencial da doçura. Mas cada espécie tem um nome científico diferente. Graças a essa variedade, temos centenas de receitas. É possível usar essas espécies para diferentes pratos, saladas, ou doces. Mas há outras questões: a pitaya tem características benéficas para saúde. É basicamente uma fruta rica em fibras. Ajuda a controlar o sistema digestivo, controlar o diabetes, o colesterol. A gente diz que é uma fruta funcional, pois tem várias propriedades benéficas para o organismo. Há um teor interessante de vitaminas, minerais e antioxidantes.

Como é o cenário mundial? 

O maior produtor mundial é o Vietnã, com mais de um milhão de toneladas por ano. O segundo lugar é a China, em torno de 700 mil toneladas. Já o Brasil vai ocupar entre a oitava e décima posição, com aproximadamente mais de 5 mil toneladas. Mas o cultivo da pitaya é muito recente. No Brasil, comercialmente, é coisa dos últimos vinte anos. Mas está em franca expansão.

Qual o impacto da tecnologia na produção?

A ciência e tecnologia têm um papel importante nesse desenvolvimento. Recentemente foram desenvolvidos materiais geneticamente superiores. Também há investimento nas boas práticas agrícolas.  Eu diria que o aumento da demanda do consumidor tem estimulado o produtor a investir na fruta. É a lei da oferta e da procura. A procura maior por uma alimentação mais saudável tem impactado na demanda para os produtores.

Qual a realidade do cultivo no DF?

Vejo um cenário de crescimento no Distrito Federal. Nos últimos quatro anos, saímos de 15, 16 produtores. Hoje temos mais de 50 produtores de pitayas aqui no Distrito Federal. E o curioso é que esses produtores estão conseguindo uma ótima produtividade, em função de um trabalho muito importante feito pela pesquisa da Embrapa e pela Emater. Os órgãos de extensão têm feito um trabalho junto com os produtores para levar as melhores tecnologias para eles. Então produtor do Distrito Federal tem conseguido produtividade dez vezes superior à média nacional. São produtores tecnificados, que utilizam tecnologia de ponta para produzir uma pitaya com alta produtividade e que atenda a mercados exigentes.

Existe também o pequeno produtor?

Sim. Há experiências também de cultivos de pitaya no fundo do quintal. Algumas pessoas compram ali uma, duas ou três mudas de pitaya, plantam no fundo do quintal e obtêm sucesso. A planta tem um potencial ornamental. É uma planta muito bonita, uma cactácea que produz o fruto. Mas, antes do fruto, tem uma flor gigante, linda, que abre à noite.

Por que a pitaya tem conquistado o produtor? 

A pitaya é uma planta de fácil manejo, não é tão acometida por pragas e doenças, por ser um cultivo recente também. É uma planta cujos tratos culturais não são tão complicados. O investimento não está entre as frutas mais caras para se produzir. O produtor pode começar com pequena quantidade. Por exemplo, pode começar com 50 ou 100 plantas. Depois o produtor vai aumentando o pomar de acordo com a capacidade de investimento. O fator predominante para despertar o interesse do produtor é o aumento da demanda da sociedade por essa fruta diferenciada em termos de beleza, de sabor e de propriedades benéficas para saúde.

* Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza  

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