Os executivos do Credit Suisse respiraram fundo ontem, com o anúncio de que o banco central do país europeu abriu uma linha de crédito de US$ 54 bilhões (R$ 285 bilhões). Com a notícia, as ações dos bancos suíços subiram até 40% nas primeiras horas de quinta-feira (16/3). A bolsa brasileira seguiu a mesma onda da "salvação suiça", fechando em alta de 0,74%, aos 103.434 pontos. Já a moeda norte-americana recuou 1,02%, cotada a R$ 5,23.
Outras bolsas reagiram bem ao anúncio. Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, 1,17%, 1,76% e 2,48%. Mas o movimento foi perdendo força ao longo da manhã e, por volta das 11h, as ações avançaram "apenas" 20%. A recuperação desacelerou após o Swiss National Bank e o órgão regulador do país informarem, em comunicado conjunto, que a Credit tem capital e liquidez para pagar o empréstimo.
A linha de crédito do BC suíço veio depois que o principal acionista do Credit Suisse, o Saudi National Bank (SNB), se negou a ampliar a ajuda ao banco. O grupo saudita alega que não pode aumentar a participação na instituição, que já beira o limite estabelecido pelo regulador de 10%.
Segundo Paulo Cunha, especialista em mercados financeiros e CEO da iHUB Investimentos, a crise ainda não pode ser chamada de generalizada. "Os bancos que vemos hoje enfrentando problemas já enfrentavam antes gestão de risco. Por enquanto podemos chamar tudo isso que está acontecendo de fatores pontuais e não uma crise", argumentou.
Cunha explicou que com a situação, investidores tendem a aplicar em Título do Tesouro Norte Americano ou bancos que têm liquidez abundante. "O Brasil, visto como um país emergente, acaba sendo visto com maior risco e passa a ter chances de sofrer resgates de aplicações em bolsa e renda fixa. Mas não algo sério a ponto de prejudicar a solidez dos bancos, pelo menos por enquanto", disse.
O especialista em mercados financeiros afirmou que os bancos mais afetados pela crise do Credit Suisse, são os da Europa. "Especialmente pelo banco estar na Suíça, a partir de agora começa a entrar em atenção os demais bancos suíços", observou Cunha.
Mas há análises com outras nuances. De acordo com Sidney Lima, analista da Top Gain Research, qualquer crise no segmento financeiro possui impacto direto na economia mundial. "Vale lembrar que o Credit Suisse possui operações aqui no Brasil", frisou.
Para Lima, o contexto econômico, inflacionário e alta da taxa de juros têm impactado o resultado direto da maioria das instituições no mundo, inclusive as do segmento financeiro, que também obtém lucro mediante concessão de crédito e gestão de capital. "O aumento da inadimplência e diminuição de margem de lucro se tornaram um dos grandes vilões dessas instituições financeiras", afirmou.
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