Seis em cada dez indústrias brasileiras adotam programas ou políticas de promoção de igualdade de gênero, de acordo com dados de uma pesquisa inédita divulgados, nesta quarta-feira (8/3), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento feito com 1000 executivos industriais nas cinco regiões do país, sendo 40% mulheres, mostra que 57% dos entrevistados dão importância alta ou muito alta às políticas de gênero.
No Dia Internacional da Mulher, após o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviar ao Congresso Nacional, na noite de terça-feira (7) , a proposta do projeto de lei para garantir paridade salarial entre homens e mulheres, o estudo da CNI indica que 43% dos executivos e executivas ouvidos pela pesquisa acreditam que políticas de paridade salarial são o principal instrumento para alavancar a igualdade de gênero no segmento.
A principal razão para desenvolver tais políticas, de acordo com 33% dos entrevistados, é a percepção de desigualdade, seguida da importância de dar oportunidades iguais para todos, mencionada por 28%. Proibição de discriminação com base em gênero e qualificação voltada para desenvolvimento profissional de mulheres aparecem empatados, com 25% das respostas.
Na pesquisa da CNI, 11% dos entrevistados disseram não ter política formal de igualdade, mas pretendem implementá-la. Nessa situação, as mulheres têm mais pressa: 63% das empresas comandadas por elas querem implementar medidas em até dois anos, enquanto 64% dos executivos estimam formalizar uma política em até cinco anos.
O principal entrave para a implementação de programas de igualdade, segundo a pesquisa da CNI, é o preconceito, citado por 21% dos entrevistados. A cultura machista aparece em segundo lugar (17%). Por outro lado, 14% dos executivos ouvidos disseram não ver barreiras.
O levantamento buscou entender se as indústrias contam com áreas específicas dedicadas à promoção de igualdade e apenas 14% das empresas afirmaram manter divisões para o tema, sendo que apenas 5% contam com orçamento próprio. No entanto, 20% das indústrias têm a intenção de aumentar o volume de recursos dedicado a ações nesse sentido no próximo ano, principalmente empresas lideradas por mulheres, onde o percentual é de 23%, contra 18% das lideradas por homens. A estimativa é que o orçamento aumente entre 10% e 20%.
Entre 2008 e 2021, mais mulheres chegaram a cargos de gestão no setor, passando de 24% para 31,8%, conforme dados do estudo da CNI. A participação das mulheres na força de trabalho na indústria é de 25%, conforme dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do governo federal. A indústria é responsável por 23,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e concentra 21,2% do emprego formal do país.
Na avaliação da especialista em Mercado de Trabalho da CNI, Anaely Machado, trazer mais mulheres para a indústria poderá ajudar no processo de retomada do crescimento do país. Ela lembrou que, atualmente, 31,8% dos cargos de liderança da indústria estão sendo ocupados por mulheres e, quanto mais esse percentual crescer, mais fácil será promover políticas de igualdade de gênero no setor. “Mulheres em cargos de liderança ajudam a implementar mais políticas de igualdade”, frisou. Para ela, é necessário gerar oportunidades de fato em cargos que pagam mais e tenham maior exposição às mulheres, além de equiparação salarial. “À medida que aumenta a participação de mulheres, é natural que o empresariado busque o debate de equiparação e da igualdade”, reforçou.
Apesar de o índice de mulheres na liderança de empresas do setor industrial ser inferior aos demais segmentos da economia, nos quais as mulheres respondem por quase metade (46,7%) das funções de liderança, na indústria, segundo a CNI, o crescimento foi três vezes maior nesse período: avançou 32,5% contra 9,8% nos demais setores.
O presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, acredita que os dados refletem transformações no setor, mas afirma que é preciso avançar, de acordo com nota da instituição. “Vemos que a participação das mulheres está crescendo na indústria devido a ações de igualdade adotadas há mais de uma década. Mas, é necessário ampliar o debate e implementar medidas concretas para chegarmos a um cenário de igualdade plena”, disse ele, no comunicado.
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