Os principais ministros da área econômica do governo defenderam ontem o aumento da taxação dos combustíveis e reforçaram a cobrança ao Banco Central para a redução das taxas de juros. O titular da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, se o país continuar tendo a maior taxa real de juros do mundo, "a economia não vai aguentar". Segundo o ministro, o Banco Central (BC) precisa "fazer a parte dele", porque ele, Haddad, já fez o que precisava ser feito, referindo-se às medidas para aumentar a arrecadação, como a reoneração dos combustíveis. A afirmação foi feita durante entrevista ao portal de notícias UOL, ontem.
Haddad afrmou que a decisão do governo de reonerar a gasolina e o etanol atende às condições para o início da redução da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano — a mais alta entre as principais economias em termos nominais. "Nós estamos rodando, dependendo de como você faz a conta, a 6,5% ou 8% de juros reais ao ano. Nenhum país do mundo pratica essa taxa hoje. E isso é a herança do governo Bolsonaro. A economia não vai aguentar", observou.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que vinha mantendo uma posição discreta no embate entre o Planalto e o BC em torno dos juros, disse esperar que o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, baixe a Selic após a reoneração dos combustíveis anunciada na terça-feira. Na visão da ministra, a medida mostra que o governo "fez o dever de casa" e está empenhado na redução dos gastos públicos, apesar das "medidas expansionistas" prometidas pelo presidente Lula.
"Queremos mostrar para o Copom e para o Banco Central que podem diminuir os juros, ainda que paulatinamente, porque nós temos responsabilidade fiscal e estamos fazendo o dever de casa", disse Tebet a jornalistas na saída de um café da manhã com a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, e outras ministras do governo em celebração do início do mês das mulheres, no Palácio do Planalto.
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Legado
Haddad argumentou que, ao pregar a redução dos juros, apenas lembra o que consta das atas do Copom, que condiciona a queda das taxas à melhora das contas públicas. "Nós temos que harmonizar a política fiscal e a monetária, porque não existe uma coisa e outra, existe política econômica", disse. "Esta medida tomada ontem pelo presidente Lula, com muita sabedoria, contribui para a política desejável sobre os juros. Mas se vai reduzir ou não, ou quando vai reduzir, é papel da autoridade monetária, no próximo Copom, dizer", apontou.
O ministro da Fazenda frisou que a Selic recorde é uma herança do governo Bolsonaro, que deixou ainda, como legado, um rombo potencial de mais de R$ 200 bilhões no orçamento federal. Segundo o ministro, na tentativa de reverter o favoritismo de Lula na campanha eleitoral do ano passado, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) "torrou R$ 300 bilhões, entre desonerações federais, desonerações dos estados e aumento do gasto público anualizado".
"Eu, como ministro da Fazenda, tenho de tomar medidas compensatórias para equilibrar o jogo e permitir, e até contar, que o BC faça parte dele e comece a restabelecer o equilíbrio da política econômica com vistas a um crescimento sustentável", declarou Haddad.
O ministro afirmou também que uma eventual mudança das metas de inflação "não vai ser o que vai fazer o juro cair". Essa possibilidade entrou em discussão por conta de críticas feitas ao BC por Lula. O Banco Central tem autonomia operacional aprovada em lei, e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro, tem mandado fixo até o fim de 2024.
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