Em seu primeiro discurso no G20, nesta sexta-feira (24/2), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou o empenho em fortalecer o multilateralismo. O encontro, realizado em Bangalore, na Índia, reúne os ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais das principais economias do mundo e prepara o terreno para que o Brasil assuma a presidência rotativa do grupo no próximo ano.
“Herdamos um cenário diplomático problemático. O Brasil estava isolado, ausente e em desacordo com seus valores e tradições. Olhando para o futuro, vamos reconstruir nossa presença internacional. Os assuntos económicos e financeiros são uma parte crucial desse esforço”, disse Haddad.
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Para o ministro da Fazenda, o evento é uma oportunidade de reposicionar o Brasil no cenário internacional como um país que oferece soluções para crises mundiais. “No caminho para a presidência em 2024, trabalharemos com este grupo para promover entendimentos baseados na inclusão e em um futuro sustentável para os povos e nações. O governo do presidente Lula considera o G20 central para fortalecer o multilateralismo. Em 2008, o grupo conseguiu se coordenar para enfrentar a crise financeira e traçar um caminho de recuperação”, destacou.
No pronunciamento, Haddad citou ainda desafios globais como as consequências da pandemia, guerras, conflitos, aumento da pobreza, desigualdades e energia limpa a preços acessíveis. “Nesse contexto, o aumento do diálogo entre as maiores economias é importante, mas não suficiente. Precisamos de ações com resultados concretos”, afirmou.
Juros
Ele demonstrou também preocupação do governo brasileiro com o endividamento dos países pobres e com as elevadas taxas de juros praticadas globais. “Estamos preocupados sobre os níveis da dívida, notadamente entre os países mais pobres. A elevação das taxas de juros em meio à fragilidade da economia global agrava este cenário.”
O ministro defendeu um aprofundamento das discussões sobre reformas em organismos multilaterais de crédito com o intuito de canalizar recursos para o combate à pobreza, à fome e às mudanças climáticas. “O Brasil defende que os debates considerem as especificidades, em particular aquelas dos países em desenvolvimento e emergentes, que têm diferentes desafios e prioridades econômicas e sociais. O financiamento climático é mais caro e apresenta taxas de risco mais altas para esses países, o que dificulta o alcance das metas de redução de emissões de carbono”, enfatizou.
Neste sentido, Haddad reforçou ser fundamental que os países cumpram os compromissos estabelecidos pelo Acordo de Paris e reforçou o comprometimento do Brasil. “No caso brasileiro, gostaria de destacar o compromisso renovado do presidente Lula de acabar com o desmatamento até 2030.”
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