Jornal Correio Braziliense

Guerra dos juros

Relação entre Planalto e Banco Central apresenta sinais de trégua

Ministro da Fazenda fala em alinhar expectativas com o Banco Central, que continua sob bombardeio do PT e de sindicalistas

Riscos

Economistas avaliaram que, da maneira emocional como está colocada, a discussão traz riscos à estabilidade econômica. "Simplesmente perguntar para a população o que deveria ser feito em assuntos que nem todo mundo domina é perigoso, porque não necessariamente a vontade da maioria vai ser a melhor decisão quando é um assunto técnico", disse Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.

Segundo Lelis, o maior risco ao forçar a queda dos juros é fazer com que a inflação decole. "Nós vimos ao longo da história várias medidas anticíclicas que deram errado. Mesmo que o presidente Lula defenda que não deve haver uma taxa de juros muito alta, o que tem que ser discutido não é simplesmente a taxa de juros alta ou não, mas qual medida será mais eficiente para combater a inflação, que é o que justamente pesa no bolso dos mais pobres", considerou.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) saiu em defesa de Campos Neto. O parlamentar destacou que é preciso atacar a causa do aumento de juros e encontrar uma "solução comum", e não necessariamente concentrar-se na discussão de pessoas. E voltou a descartar qualquer possibilidade de retroceder na legislação que impôs autonomia ao BC.

Bandeira Branca

Democracia

"É importante reconhecer a legitimidade do resultado das eleições; a eleição do presidente Lula que foi feita de uma forma democrática."

Relação com o governo

"O BC é uma instituição de Estado, precisa trabalhar com o governo sempre".

Governo Lula e mercado

"O investidor é muito apressado, afoito. Acho que a gente tem que ter mais boa vontade com o governo, 45 dias é pouco tempo. O ministro Haddad tem tido uma boa vontade enorme."

Reformas e arcabouço fiscal

"Acho que, à medida que os agentes econômicos entendam que as reformas vão avançar, vai se abrir espaço em algum momento para ter uma situação igual à de dezembro" (Naquele mês, havia previsões de que a inflação entraria na meta os juros começariam a baixar em junho)

Elevação da meta de inflação

O presidente do Banco Central se posicionou contra a elevação da meta de inflação para possibilitar uma queda mais rápida dos juros. Reconheceu divergências de opinião entre economistas, mas se alinhou àqueles que entendem que o reajuste da meta acabaria por elevar as expectativas de inflação e, portanto, exigir juros maiores. Desse modo, a medida teria efeito contrário ao pretendido. "Não entendemos que a meta seja um instrumento de política monetária. Existem sempre, obviamente, aprimoramentos a fazer."

Fiscal X Social

Ao explicar a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano, disse que a autarquia está focada no bem-estar social. "A agenda toda do Banco Central é (pensando) no social. Então, a gente acredita que é possível fazer fiscal junto com o bem-estar social. Mas a gente acredita que é muito difícil ter bem-estar social e inflação descontrolada porque a inflação é um imposto que afeta muito as classes de renda mais baixa. Olhar para a inflação é também olhar para o social."

Grupos bolsonaristas

Questionado sobre sua presença em grupos de mensagens com ex-ministros de Bolsonaro, Campos Neto afirmou que apenas mandava informes. Acrescentou que fez amigos no governo anterior e que espera também fazer amigos no governo atual.

Voto com camisa amarela

Disse que voto é "um ato privado", ao ser questionado sobre o uso da camisa da seleção brasileira na eleição de 2022. "Eu acho que agora é hora da gente se unir, fazer um projeto pelo país, esquecer dessas coisas pequenas e pensar o que a gente precisa para fazer esse país crescer."

Juros mais altos do mundo

"Acho que é justo questionar os juros altos. É importante ter alguém que faça esse papel no governo. Faz parte do jogo, do equilíbrio natural", disse Campos Neto. "O BC não gosta de juros altos. No entanto, a experiência internacional mostra que permitir uma inflação mais alta para crescer mais é, normalmente, ruim. No final, esse par ordenado leva a uma inflação muito alta e um crescimento que sobe muito pouco."

Autonomia do BC

A autonomia do BC é um aperfeiçoamento institucional importante, segundo Roberto Campos Neto. Nos países e, que foi adotada, afirmou, a autonomia resultou em ganhos para a sociedade.

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

Notícias no celular

O formato de distribuição de notícias do Correio Braziliense pelo celular mudou. A partir de agora, as notícias chegarão diretamente pelo formato Comunidades, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp. Não é preciso ser assinante para receber o serviço. Assim, o internauta pode ter, na palma da mão, matérias verificadas e com credibilidade. Para passar a receber as notícias do Correio, clique no link abaixo e entre na comunidade:

Apenas os administradores do grupo poderão mandar mensagens e saber quem são os integrantes da comunidade. Dessa forma, evitamos qualquer tipo de interação indevida. Caso tenha alguma dificuldade ao acessar o link, basta adicionar o número (61) 99666-2581 na sua lista de contatos.