Em meio a conflitos entre o poder Executivo e o Banco Central sobre a taxa de juros atual — de 13,75% ao ano —, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, fez uma avaliação negativa da taxa real no país, mas disse que esse valor não deve ser considerado a principal causa da situação atual no setor de construção civil e em todo o ambiente de negócios do país.
“A taxa de juros real no Brasil é muito alta. Deve chegar na metade do ano, pelas projeções, em torno de 4% ou 5% em termos de taxa de inflação. Taxa de juros de 13% é muito alta. Não existe nada parecido no mundo. Mas a gente não pode esquecer que taxa de juros é meio que a febre. Se a gente não atacar a causa, a gente não vai conseguir resolver isso aí”, disse Martins nesta quarta-feira (8/2) em entrevista para o CB.Poder, programa do Correio, em parceria com a TV Brasília.
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Entre as causas elencadas pelo presidente da CBIC estão a possibilidade de um arrefecimento da inflação e problemas de ajuste fiscal. Segundo Martins, sem âncora fiscal para tranquilizar o mercado e gerar mais eficiência na economia, não há como resolver o problema monetário.
“Nesse debate, todas as partes têm que mostrar as suas razões. Então, quer dizer, o Banco Central, na ata do Copom (Comitê de Política Monetária), mostra ali o que o preocupa. Acho que o governo federal deveria mostrar, do lado de cá, como que essa preocupação ainda existe e como que você pode ‘botar’ do outro lado, antídotos para esse tipo de problemática”, defendeu.
Reforma tributária
Sobre a possibilidade de ser aprovada este ano uma reforma tributária — e o modelo proposto atualmente, o presidente da CBIC defendeu que ela deve ser geradora de empregos e que não penalize o trabalho formal.
“A nossa ideia a respeito é que precisa ser efetivamente uma reforma tributária, e não uma reforma limitada a imposto de consumo. Por exemplo, quando você vai tributar agregação de valor, o salário e o imposto na Previdência sobre o salário, agrega um valor. Então, além de ser tributado para a Previdência, vai ser tributado em cima do tributo”, disse.
Imposto cascata
A preocupação principal de Martins em relação ao modelo proposto é o forte impacto que ele deve ter no custo do imóvel, que deve aumentar em torno de 10% a 15%, como lembra o executivo. Para ele, isso poderia gerar um efeito de ‘imposto cascata’, quando um tributo incide sobre outro.
“A alternativa é fazer uma reforma tributária na qual o setor de serviços pode perder um pouquinho no IVA (Imposto sobre Valor Agregado), mas ganhar quando você não paga mais previdência sobre folha de pagamento. Então, você conseguiria minimizar essas perdas, que são evidentes que vão existir. Por isso todo mundo quer reforma tributária e ninguém faz, porque cada um tem a sua e não se senta para conversar”, observou o presidente.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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