Prêmio de risco
O mercado financeiro tem reagido mal aos atritos, temendo tentativas de intervenção do Executivo na autonomia da autoridade monetária. A cada ataque, o dólar e a curva de juros sobem, e a Bolsa cai, como reflexo do mau humor dos agentes financeiros — que cobram mais prêmio de risco para os títulos da dívida do governo federal. Além disso, lembram os analistas, a retórica ofensiva de Lula contra o BC tem efeito contrário do que o governo espera, pois piora as expectativas de inflação, aumentando a projeção para os juros futuros.
Economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack destacou que o momento é de muita incerteza em relação à coordenação entre a política monetária e política fiscal. "Já temos uma série de incertezas sobre a orientação da política econômica ao longo de 2023, isso acaba exigindo um prêmio de risco maior para o investidor colocar o seu dinheiro aqui", disse. Segundo Abdelmalack, para baixar a tão criticada taxa básica de juros, o presidente deveria estar mais preocupado em trabalhar por uma reforma tributária eficiente e um arcabouço fiscal razoável e mais crível do que o teto de gastos.
O analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Kamura, reforçou que esse tipo de conflito entre o governo e o BC acaba deteriorando as expectativas. "Esses ruídos são bastante prejudiciais, ainda mais porque o governo vai tentar estimular a economia por meio de política fiscal, o que reforça a necessidade de uma política monetária mais dura", frisou.
Na avaliação do economista e consultor André Perfeito, ex-Necton Investimentos, essa disputa é "falsa", porque Lula não gastará o capital político para afastar Campos Neto, cujo mandato vence em 2024, e, muito menos, tentar derrubar a autonomia do BC. Ele aposta que o BC reduzirá a Selic ao longo do ano, já que a mediana das estimativas do mercado do boletim Focus, do BC, para a taxa básica em dezembro está em 12,50%.
Cobertura do Correio Braziliense
Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!
Notícias no celular
O formato de distribuição de notícias do Correio Braziliense pelo celular mudou. A partir de agora, as notícias chegarão diretamente pelo formato Comunidades, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp. Não é preciso ser assinante para receber o serviço. Assim, o internauta pode ter, na palma da mão, matérias verificadas e com credibilidade. Para passar a receber as notícias do Correio, clique no link abaixo e entre na comunidade:
Apenas os administradores do grupo poderão mandar mensagens e saber quem são os integrantes da comunidade. Dessa forma, evitamos qualquer tipo de interação indevida. Caso tenha alguma dificuldade ao acessar o link, basta adicionar o número (61) 99666-2581 na sua lista de contatos.