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Governo

'BNDES não volta ao passado', diz Mercadante

Ao tomar posse na presidência do banco, Aloizio Mercadante diz que prioridades são pequenas e médias empresas, meio ambiente e melhora da competitividade da indústria brasileira, e nega retorno de subsídios e apoio a grandes grupos

Ao assumir, ontem, a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o ex-senador e ministro Aloizio Mercadante (PT), procurou afastar os temores de um retorno a políticas adotadas no passado e afirmou ter interesse em construir uma instituição "do futuro", com olhar especial para empresas de menor porte, para o meio ambiente e a competitividade da indústria brasileira no plano internacional. "Nós estamos aqui não para debater o BNDES do passado, mas construir o BNDES do futuro, que será verde, inclusivo, tecnológico, digital e industrializante", afirmou.

A política do banco de fomento nos governos petistas foi alvo de críticas por causar desequilíbrio entre os setores público e privado no crédito corporativo e, com apoio financeiro do governo, privilegiar grandes grupos com taxas subsidiadas. Mercadante disse que trabalhará por uma relação de equilíbrio com o Tesouro Nacional e reafirmou o desejo de entrar para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

"Se quisermos ter futuro, precisamos de um BNDES mais presente e atuante e de uma relação de equilíbrio com o Tesouro, mas não pretendemos ficar disputando mercado com o sistema financeiro privado, isso não é papel do banco. Precisamos de parceria, e podemos contribuir para reduzir riscos, abrir novos mercados, alongar prazos e elaborar um bom projeto para os investimentos privados", disse.

Apesar do tom moderado, Mercadante definiu como uma de suas missões à frente do banco estatal ajustar a Taxa de Longo Prazo (TLP). Criada em 2017 para impedir que a instituição adotasse uma taxa menor do que a definida pelo Banco Central, sua finalidade principal é adequar os juros do crédito do BNDES aos praticados pelo mercado.

"Não queremos e não estamos reivindicando o padrão de subsídios do Orçamento, como ocorreu no passado, mas uma taxa de juros mais competitiva, sobretudo para micro, pequenas e médias empresas. Atualmente a TLP apresenta enorme volatilidade e representa um custo financeiro acima do custo da dívida pública federal, o que penaliza de forma desnecessária as empresas", declarou.

A revisão da TLP foi definida como uma das medidas para fomentar o desenvolvimento de micro, pequenas e médias empresas. Além disso, o novo presidente anunciou apoio de R$ 65 bilhões para o segmento em crédito indireto e alavancagem por meio de garantias de crédito privado.

Exportações

Mercadante defendeu ainda o fomento às exportações e defendeu a constituição de "Eximbank", instituição financeira focada em soluções para empresas locais que desejam comercializar seus produtos com outros países. Ele reforçou o argumento de que todos os países desenvolvidos já têm um banco focado no fomento às exportações. "Para sermos competitivos, as empresas brasileiras precisam disputar esse mercado, ganhar escala, ganhar competitividade, ganhar eficiência. Essa é uma pauta fundamental para o futuro do BNDES, da indústria e do Brasil", afirmou.