Principais acionistas das Lojas Americanas, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira se manifestaram sobre a descoberta de um rombo contábil de R$ 20 bilhões no caixa da varejista.
Por meio de uma carta divulgada à sociedade, os empresários afirmaram que não sabiam do escândalo e que suas atuações se baseiam na ética e na boa governança.
"Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país", diz a nota.
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No documento, os empresários também pontuaram o fato de as Americanas contarem com a auditoria do grupo PwC. Segundo eles, essa empresa é "uma das maiores e mais conceituadas do ramo".
"Ela (PwC), por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade", argumentam os bilionários.
Apurações
Na carta assinada pelo trio que, além das Americanas, é o principal acionista de companhias como a empresa do ramo de bebidas Ambev e a rede de fast food Burger King, Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira informam que um "comitê independente" irá apurar os fatos e buscar explicações sobre o rombo contábil. Esse grupo de análise, também irá "avaliar a eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras".
Ao final da nota, os empresários lamentam "profundamente" as perdas sofridas pelos investidores e os credores das Americanas e reforçam o "empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível".
O que houve com Americanas
Por meio de um fato relevante divulgado no último dia 11/1, as Lojas Americanas informou haver inconsistências em lançamentos contábeis estimadas em R$ 20 bilhões, em análise preliminar, com data-base de 30 de setembro de 2022.
A nota também comunicava não ser possível, àquele momento, "determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia”.
O mercado reagiu mal a esse comunicado e as ações da varejista caíram mais de 70% nos último cinco dias.
Diante do rombo contábil, do acúmulo de dívidas e da forte desvalorização, a Americanas entrou com o pedido de recuperação judicial, na última quinta-feira (19/1). A solicitação foi aceita no mesmo dia, pela 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
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