Um software nacional, criado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, vai ser utilizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para facilitar os sistemas de avaliação de produtos sustentáveis no mundo todo.
Trata-se do Lavoisier, ferramenta desenvolvida pelo Ibict em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) que permite a comunicação entre as informações de diversos sistemas e padrões das bases de dados de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) dos produtos de diversos países. O instituto recebeu, nesta semana, a confirmação de que a ONU Meio Ambiente utilizará o software brasileiro em sua plataforma mundial. Agora, de acordo com a diretora do Ibict, Cecilia Leite Oliveira, o instituto trabalha nessa ferramenta desde 2019 e, no ano passado, finalizou as conversões iniciais e, a partir de agora, trabalhará para a integração dos sistemas.
"Essa parceria é um reconhecimento do nosso trabalho no instituto, pois procuramos desenvolver ferramentas gratuitas e com código-fonte aberto para facilitar a atualização de quem utiliza", destaca a executiva, em entrevista ao Correio.
Tiago Braga, coordenador do Ibict, conta que o Lavoisier foi desenvolvido para atender, inicialmente, uma demanda doméstica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para a conversão das informações de dados nacionais. "Com esse software é possível fazer a conversão de centenas de variáveis que são consideradas, algumas diretas e outras indiretas, que precisam de cálculo e fomos ampliando para todos os inventários de informações dos produtos", explica.
Segundo o técnico, para ser escolhido pela ONU Meio Ambiente, a ferramenta passou pela avaliação de um comitê gestor de técnicos e especialistas de vários países. "Após a aprovação, saiu a resolução indicando que o Lavoisier será utilizado pela plataforma global da ONU", afirma. Ele contou que o software vai ajudar os países a escolherem melhor os produtos com menor pegada de carbono, ou seja, aqueles que possuem um processo de fabricação menos poluente.
O Lavoisier não é o único projeto do Ibict que, devido ao baixo orçamento do governo federal, encontrou nas parcerias com empresas privadas e universidades federais uma forma de financiar bolsas de pesquisas na área de tecnologia da informação, o que vem rendendo vários prêmios na área científica. No ano passado, foram 11.
Entre outras ferramentas do órgão, destacam-se o Sistema Aberto de Observatórios para Visualização de Informações (Visão) e o modelo de preservação Hipátia, que receberam o Selo Nacional de Modernização do Estado. O Hipatia, por sua vez, tem ajudado a preservar por mais tempo e com segurança documentos digitalizados de órgãos e tribunais da Justiça estaduais e federais, como decisões e sentenças.