O Santander Brasil informou, ontem, que Sérgio Rial renunciou ao cargo de presidente do conselho de administração do banco, e também aos postos nos comitês de assessoramento ao conselho que ele integrava. O pedido de saída do cargo foi entregue pelo executivo mais cedo. Ele deixa a instituição financeira dias depois de virem à tona os problemas contábeis da Americanas, que ele informou ao mercado com menos de duas semanas à frente do comando da varejista.
Desde a divulgação do rombo, a Americanas vive uma crise sem precedentes. Em aproximadamente uma semana, a companhia teve de abrir negociações com os bancos credores. Em um primeiro momento, Rial assessorou os acionistas de referência da varejista — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira — nas negociações, mas acabou deixando a função com a contratação do banco Rotschild.
Rial deixou o posto de CEO do Santander no início do ano passado, sendo sucedido por Mario Leão. Saiu com uma série de recordes de resultado, que fizeram seu nome frequentar as bolsas de apostas para cargos executivos na Espanha. Foi ele que consolidou o Santander Brasil na posição de maior gerador de resultados do grupo em todo o mundo.
Diante da ida para um posto executivo na Americanas, empresa que é cliente (e devedora) do banco, Rial ficou impedido de atuar em questões relacionadas à companhia dentro do banco. O executivo, porém, participa de outros conselhos: no da BRF, por exemplo, é vice-presidente sob a batuta de Marcos Molina, acionista relevante da empresa e controlador da Marfrig, empresa que o próprio Rial já presidiu.
Na Americanas, a chegada do executivo criou expectativa e fez as ações dispararem na Bolsa com seu anúncio, em agosto do ano passado. O mercado tinha em mente justamente a reestruturação que o executivo fizera na Marfrig, além do salto de rentabilidade que o Santander deu sob sua gestão.
Rial ficou apenas nove dias à frente da varejista. Renunciou diante da descoberta de um rombo contábil da ordem de R$ 20 bilhões. O buraco financeiro levou a Americanas à recuperação judicial.