As incertezas com relação à nova política econômica a ser adotada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aliado a um dia de fortalecimento do dólar no exterior, impulsionou o dólar pela segunda sessão consecutiva. A divisa atingiu a máxima de R$ 5,4626 (+1,92%) no spot perto do fechamento, em meio a declarações do secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, em torno da seara fiscal e encerrou o dia em alta de 1,72%, cotado a R$ 5,4521.
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Logo após a abertura, o real ainda encontrou, mesmo que brevemente, espaço para se valorizar, mas a cautela predominou e a partir daí passou o dia perdendo para o dólar.
"A área econômica do governo está tentando falar o que o mercado quer escutar, mas as atitudes estão sendo diferentes, como no caso dos combustíveis, onde eles estão abrindo mão de receitas. O mercado quer escutar sobre o controle fiscal, mas não há pista concreta que leve para isso, como de onde virão as receitas", avalia Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
Agora à tarde, Galípolo disse que não seria factível uma regra fiscal que limite o crescimento de gastos por meio de gatilhos automáticos, mas que todas as propostas serão estudadas. Segundo ele, o problema de um gatilho, por exemplo, do nível da dívida pública, como era favorável o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, é que contamina a política monetária devido aos juros pagos. "Sinalizações da Fazenda virão com o tempo; perfil da reforma já é transparente".
O secretário-executivo ainda destacou que o presidente Lula deixou muito clara a diretriz formada por três elementos para toda a Esplanada dos Ministérios: a sustentabilidade ambiental, a sustentabilidade econômica e a sustentabilidade social. "Elas vão ter que andar juntas obrigatoriamente. Essa equação é que é o nosso desafio. Temos que ter com toda a clareza do mundo que não dá para fazer um sem ter que fazer o outro", disse em entrevista à GloboNews.
Para completar o quadro, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, prometeu discutir uma "antirreforma da Previdência" a partir de uma comissão para rever as mudanças feitas durante o governo Jair Bolsonaro.
No exterior, o quadro de cautela também faz os investidores se refugiarem no dólar e este se fortalecer tanto frente a outras moedas fortes quanto a de emergentes pares do real. Além da questão geopolítica, com vários focos de tensão para além da guerra entre Rússia e Ucrânia, atenção segue voltada para a China e as dúvidas em torno do controle da pandemia de Covid-19 que, em última instância, pode voltar a afetar a produção global.