O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) pediu, nesta terça-feira (31/1), a interdição da plataforma P50, localizada na Bacia de Campos (RJ), até que sejam sanadas e restabelecidas as condições de continuidade operacional e de saúde, segurança e meio ambiente da unidade aos trabalhadores. A solicitação foi feita aos órgãos e entidades da administração pública federal, estadual e municipal.
O pedido de intervenção foi feito a partir de diversas denúncias sobre riscos provocados pela P-50, que é operada pela PetroRio (PRIO), desde a última quinta-feira (26). De acordo com os petroleiros, a degradação da plataforma ocorre devido à falta de investimentos e de manutenção de sua estrutura e maquinário.
A Petrobras informou que está ciente do ofício protocolado pelo Sindipetro-NF e contesta que haja risco para continuidade operacional da plataforma P50. Segundo a estatal, todas as questões estão sendo tratadas junto à nova operadora do campo de Albacora Leste, a PetroRio — a empresa ainda não se pronunciou sobre o assunto.
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“Os turbo-geradores apresentam problemas no sistema de aquecimento de água, interferindo diretamente no mecanismo de separação e enquadramento de petróleo e água produzida e descartada. Além disso, o gerador de emergência e o gerador auxiliar estão com vazamentos no sistema de refrigeração, sendo um risco para a continuidade operacional em situações que exigem um tempo maior de utilização de tais
equipamentos”, explica no documento a Sindipetro-NF.
Além dos riscos de segurança aos trabalhadores, as más condições ameaçam também o meio ambiente quanto a população a bordo. Os petroleiros dizem que já foram identifiicados furos na linha de descarte de água oleosa, com a contaminação do ar e de superfícies de contato por "resíduos nocivos". E destacam as condições estruturais precárias para habitação, nem mesmo os banheiros da embarcação estão aptos ao uso.
Pressa
Para o coordenador-geral do Sindipetro do Espírito Santo, Valnísio Hoffmann, “o processo de venda de Albacora Leste foi muito acelerado, nesta etapa final, e houve grande pressão por parte da PetroRio a gerentes e órgãos fiscalizadores para conseguir liberações e licenças necessárias. Há informações de que várias pendências não foram cumpridas e mesmo assim a plataforma foi entregue à empresa”.
Os petroleiros ressaltam ainda que causou estranhamento a solicitação para que P-50 desembarcasse um dia antes da posse de Jean Paul Prates na presidência da Petrobras. “Fica nítido que havia receio do comprador de que a venda fosse reavaliada pela nova administração”, argumenta o texto.
“É praticamente um brinde esse poço produtor. Temos comprovadamente um reservatório de pré-sal dentro do polígono de Albacora Leste com um poço já testado, tendo a sua produtividade comprovada. Esperamos que o novo presidente da Petrobras investigue se houve alguma irregularidade e, em caso positivo, anule a transação. Não se pode vender no regime de Concessão o que está dentro do
polígono de Partilha.”
Para garantir as condições operacionais da plataforma, a segurança e a saúde dos trabalhadores, o ofício encaminhado pelo Sindipetro-NF solicita atuação direta do Ministério Público do Trabalho, da Procuradoria e da Superintendência Regional do Trabalho do Rio de Janeiro; da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP); e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da direção da Petrobras.
Plataforma
A P-50 está localizada no campo de Albacora Leste, descoberto pela Petrobras em 2006, e adquirido pela PRIO, que na semana passada pagou a parcela restante de US$ 1,7 bilhão pelo campo. Com isso, a PRIO assumiu as operações da P-50 no mesmo dia em que o conselho de administração da Petrobras aprovou a indicação de Jean Paul Prates para a presidência da companhia, sendo alvo de críticas da Federação Única
dos Petroleiros (FUP).
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