Diante do rombo contábil de mais de R$ 20 milhões anunciado pelas Lojas Americanas, oito centrais sindicais processaram os bilionários João Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Michel Telles. Impetrada na 8ª Vara do Trabalho de Brasília, na quarta-feira (25/1), a ação busca responsabilizar os empresários referência pelo rombo na varejista. Além disso, o processo visa garantir os direitos dos mais de "44 mil empregados do Grupo Americanas".
Com o rombo nas finanças da empresa, a Americanas apresentou pedido de recuperação judicial, apontando uma dívida superior a R$ 43 bilhões e segue em risco iminente de falência. Com isso, dizem os sindicatos, há ameaças de que a varejista descumpra direitos de trabalhistas.
Os bilionários são citados pelos sindicatos porque, juntos, o trio possui cerca de 30% das ações da empresa. Segundo as centrais, os empresários se beneficiaram com a fraude nas Americanas. "A fraude contábil que se desenrolou durante anos na Companhia e que inflou artificialmente não só o lucro, mas os dividendos distribuídos aos acionistas", dizem os sindicatos.
Assim, a ação civil pública busca garantir que o patrimônio pessoal dos acionistas de referência Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles possa ser executado independentemente do processamento da recuperação judicial das Americanas.
Processos em andamento
Além de se posicionar pelos respeitos às leis trabalhista dos funcionários da empresa, a ação busca garantir o andamento de processos que já se encontram na justiça. Segundo as centrais, há quase 17 mil ações trabalhistas em curso contra empresas do Grupo Americanas, representando um valor total de R$ 1,53 bilhão.
A ação civil pública é assinada pelos grupos Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Força Sindical (FS), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), a Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), a Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs-CUT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC).
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Acionistas dizem desconhecer o rombo
Na última segunda-feira (23/1), os acionistas referência das Americanas, Lemann, Sicupira e Telles, disseram publicamente que desconheciam do rombo contábil na empresa.
"Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país", afirmaram os bilionários, em nota.
No comunicado à sociedade, o trio que, além das Americanas, é o principal acionista de companhias como a empresa do ramo de bebidas Ambev e a rede de fast food Burger King, diz que um "comitê independente" irá apurar os fatos e buscar explicações sobre o rombo contábil. Esse grupo de análise, também irá "avaliar a eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras".
O que houve com Americanas
Por meio de um fato relevante divulgado no último dia 11 de janeiro, as Lojas Americanas informou haver inconsistências em lançamentos contábeis estimadas em R$ 20 bilhões, em análise preliminar, com data-base de 30 de setembro de 2022.
A nota também comunicava não ser possível, àquele momento, "determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia”.
O mercado reagiu mal a esse comunicado e as ações da varejista caíram mais de 70% nos último cinco dias.
Diante do rombo contábil, do acúmulo de dívidas e da forte desvalorização, a Americanas entrou com o pedido de recuperação judicial, na última quinta-feira (19/1). A solicitação foi aceita no mesmo dia, pela 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
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