conjuntura

Aumento de 7,47% da gasolina nas distribuidoras começa a valer hoje (25/1)

Aumento é para as entregas feitas a partir de hoje às distribuidoras e ainda não vale para os postos. Segundo a estatal, preço estava defasado em relação ao exterior

Fernanda Strickland
Mariana Albuquerque*
Kelly Hekally - Especial para o Correio
postado em 25/01/2023 03:55
 (crédito:  Mariana Albuquerque/CB)
(crédito: Mariana Albuquerque/CB)

Começa a valer hoje para as distribuidoras de combustíveis o reajuste de 7,47% do preço da gasolina, anunciado ontem pela Petrobras. Por ora, o aumento não deve aparecer nas bombas dos postos e não se estende a outros combustíveis, afirmou a estatal. O preço médio de venda de gasolina para as distribuidoras passa de R$ 3,08 para R$ 3,31 por litro, um aumento de R$ 0,23.

O último reajuste dos preços da gasolina havia ocorrido em dezembro de 2022, com redução de 6,1%. A mudança ocorre dois dias após a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) publicar relatório semanal, na segunda-feira, mostrando que o valor médio do litro da gasolina vendido nos postos de todo país teve queda de R$ 5,04 para R$ 4,98 na semana de 15 a 21 de janeiro.

O aumento é o primeiro que ocorre no governo Lula, e foi anunciado pela diretoria nomeada ainda no mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PT). A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), criticou o aumento e isentou o governo federal de responsabilidade pelo reajuste.

"Reajuste da gasolina acontece antes de Jean Paul Prates assumir a Petrobras", disse ela, referindo-se ao senador do PT da Paraíba indicado pelo novo governo para a presidência da estatal. "A notícia é de que foi pressão dos acionistas", disse Gleisi. Segundo ela, o governo vai trabalhar para mudar a atual política de preços da empresa, que atrela os preços internos aos valores praticados internacionalmente, em dólar.

Nos postos de Brasília, o anúncio da Petrobras não foi bem recebido por condutores de veículos. O motorista de aplicativo Andrey Ferreira, 43 anos, explicou que faz pesquisas diárias nos postos de combustível e que suas corridas de trabalho dependem do preço da gasolina. "O quanto pago vai ditar o quanto trabalho. Se a gasolina estiver com o preço menor, rodo mais. Se estiver cara, rodo pouco", disse.

Andreia Figueiredo, 52 anos, prefere abastecer antes que o preço mude de um dia para o outro. A condutora afirma que a gasolina pesa no bolso e que é difícil fechar as contas. "Quando chega o fim do mês e preciso abastecer, prefiro colocar menos, apenas para cumprir com a necessidade. Tenho que esperar o cartão virar, o salário cair no início do mês seguinte. Isso complica um pouco."

Matheus de Souza, 32 anos, trabalha em regime de home office e vê o modelo como vantajoso. Mesmo assim, a exemplo de Andreia, prefere garantir o preço menor da gasolina e abastecer antes de aumentos e está sempre de olho nas mudanças econômicas do país.

"É sempre ruim pagar caro por algo essencial, mas não tem como fugir disso. Subir mais de 20 centavos por litro vai atrapalhar muita gente", opinou o engenheiro Arthur de Andrade, de 22 anos, na fila de um posto de combustíveis para abastecer.

De acordo com o presidente do Sindicombustíveis-DF, Paulo Tavares, o aumento anunciado pela Petrobras se deve à defasagem dos preços internos em relação às cotações internacionais. "Até ontem (segunda), o PPI (Preço de Paridade de Importação) estava defasado em R$ 0,50 na gasolina e no diesel. Ou seja, o preço dessas duas commodities no mercado internacional estava mais barato do que no mercado interno", observou.

A atual política de preços da Petrobras foi instituída em 2016. Segundo Tavares, a estatal "ainda não reajustou tudo". "Ela está corrigindo apenas a metade da defasagem. Consequentemente, as distribuidoras podem repassar aos postos esse valor de forma integral, menor ou maior", considerou. (Com Agência Estado)

*Estagiária sob a supervisão de Odail Figueiredo

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