Ao contrário das bolsas do exterior, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o último pregão da semana marcado pela crise envolvendo as Lojas Americanas, com queda de 0,78%, aos 112.040,64 pontos. O dólar comercial fechou em alta de 0,72%, cotado a R$ 5,20.
As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos últimos dia sobre a autonomia do Banco Central — no qual afirmou que a instituição não faz hoje mais do que quando o presidente era trocado a cada governo — e sobre um aumento maior do salário mínimo, contribuíram para o movimento contrário do índice nesta sexta.
“Esses dois pontos seguem preocupando os investidores sobre o endividamento do estado e a saúde das contas públicas”, comenta o economista Sidney Lima, analista de investimentos da Top Gain.
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O que ajudou a evitar um dia pior para o Ibovespa foi a boa performance das ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4), que encerraram as negociações com altas de 0,26% e 2,09%, respectivamente.
Em relação à Vale, um estudo realizado pela XP Investimentos indicou que, sem as ações da mineradora, o Ibovespa teria perdido 6% de valor desde o segundo turno das eleições presidenciais. Desde o dia 28 de outubro de 2022, no entanto, a queda da Bolsa brasileira foi de apenas 2%.
“A gente tem um sentimento mais pessimista por causa das declarações do presidente Lula falando sobre o aumento de salário mínimo e tentar indexar isso ao crescimento do PIB, mas também, principalmente, em relação à autonomia do Banco Central, que, na visão do mercado, é uma grande conquista, e é uma coisa que pode contrabalancear toda essa ideia de você ter uma política fiscal expansionista”, pontua o economista Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.
O dia também foi marcado pela despedida das Americanas (AMER3) da B3. Com o processo de recuperação judicial em vigor, a empresa deve deixar todos os índices em que ela esteja listada. No último dia de negociações da AMER3, a ação teve queda de 34%, vendida por impressionantes R$ 0,66.
Na visão do consultor de economia da BMJ Consultores Associados, Mauro Cazzaniga, apesar do efeito da recuperação judicial nas ações da Americanas ter tido um efeito negativo no fechamento para hoje, o cenário desta semana encerra bem semelhante ao da semana passada.
“Tivemos uma alta no meio da semana puxada pela situação dos preços do petróleo e do minério de ferro, o que hoje também contribuiu para amenizar as quedas”, considerou o economista.
Bolsas do exterior sobem
Se o cenário no Brasil é de incertezas e queda na B3, nas principais bolsas mundo afora a situação foi diferente. Nos EUA, os três índices mais relevantes tiveram dia de alta, após as falas de Christopher Waller, dirigente do Federal Reserve (FED), sobre apoiar o aumento de 0,25 pontos-base nos juros na reunião de fevereiro, o que representaria uma desaceleração no ritmo de aperto monetário.
“Vale lembrar que o mercado segue de perto monitorando as decisões da autoridade monetária, já que uma recorrente e agressiva alta na taxa de juros tende a trazer consequências negativas que podem ocasionar uma recessão na maior potência econômica do mundo”, avalia o economista Sidney Lima.
Com isso, o Dow Jones teve alta de 1,00%, enquanto que o Nasdaq - que é a bolsa das principais empresas de tecnologia - e o S&P 500, onde estão listadas as 500 principais empresas norte-americanas, encerraram a sexta-feira (20/1) com elevação de 2,66% e 1,89%, respectivamente.
Na Europa, o principal índice do continente, o Stoxx 600 fechou em alta de 0,37%, a 452,12 pontos, impulsionado por papéis de viagens, lazer e de varejo. No entanto, em relação ao acumulado da semana, o índice apresentou baixa de 0,1%.
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*Estagiário sob a supervisão de Pedro Grigori
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