CRISE

Sindicatos de comerciários planejam protesto em frente da Americanas

Os movimentos querem respostas sobre o futuro dos trabalhadores da empresa, que passa por uma crise financeira com dívidas de R$ 43 bi

Correio Braziliense
postado em 20/01/2023 18:54
 (crédito: Divulgação)
(crédito: Divulgação)

Sindicatos de comerciários de vários estados do país planejam realizar uma manifestação em frente ao escritório da Americanas, no Rio de Janeiro, nas próximas semanas. Os sindicalistas querem obter respostas sobre o futuro dos trabalhadores da empresa, já que o estabelecimento passa por uma crise financeira com dívidas de R$ 43 bilhões perante credores financeiros, funcionários e fornecedores.

A informação é da Folha de S. Paulo. A mobilização parte do presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro e dirigente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Marcio Ayer. O líder da categoria afirma que está em contato com lideranças regionais de todo país para organizar o protesto.

Já o presidente do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre, Nilton Neco, diz que a organização também tem pedido um encontro com a diretoria da Americanas. "Queremos discutir se há intenção de fazer demissão, quantas, quando, e tentar garantias de que isso não vai acontecer", afirma o também coordenador do setor da Força Sindical.

Há também a possibilidade de judicializar os assuntos trabalhistas, é o que diz o secretário nacional de assuntos jurídicos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Valeir Ertle. Segundo o também secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio e Serviço da CUT, (Contracs-CUT), o movimento estuda a possibilidade de entrar na Justiça não só contra a empresa, mas também contra os empresários à frente da marca.

Valeir diz que, no início da próxima semana, os líderes dos movimentos trabalhistas vão se reunir para criar ações conjuntas que contenham ou minimizem o impacto da crise do negócio nos trabalhadores.

Americanas entra em processo de recuperação judicial; entenda

A desvalorização das Lojas Americanas começou em 11 de janeiro, quando o então presidente da empresa Sergio Rial — que estava no cargo há 10 dias — renunciou ao posto após descobrir “inconsistências em lançamentos contábeis” no valor de R$ 20 bilhões. O valor, que se refere aos primeiros nove meses de 2022 e a anos anteriores, não foi registrado de forma apropriada nos balanços corporativos da empresa.

“A área contábil detectou a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem (R$ 20 bilhões), nas quais a companhia é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta de fornecedores nas demonstrações financeiras", diz um comunicado da empresa após a saída de Sergio Rial.

O valor do rombo era, na quarta-feira (12/1), equivalente ao que valia a Magazine Luiza perante o mercado — a marca de Luiza Trajano foi cotada no pregão daquele dia por R$ 20,20 bilhões. Desde então, a B3, bolsa de valores de São Paulo, registrou desvalorização da marca e as demais principais instituições financeiras colocaram as ações da empresa em revisão.

Na quinta-feira (19/1), a Americanas enviou um pedido de recuperação judicial ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). A empresa afirmou que não conseguia movimentar “parcela significativa” do caixa, no valor de R$ 800 milhões, devido a uma decisão do tribunal para que o BTG Pactual (BPAC11) bloqueasse R$ 1,2 bilhão da varejista.

O banco é um dos credores da Americanas mais expostos ao rombo. No pedido de recuperação, a empresa devedora pede que a Justiça derrube o bloqueio e inclua o banco no processo de recuperação.

O pedido foi aceito pelo juiz Paulo Assed, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Ele afirma que a recuperação é “uma das maiores e mais relevantes ajuizadas até o momento no país, não só por conta do seu passivo, mas por toda a repercussão no mercado”. O juiz exigiu, no entanto, que a empresa entregue em até 48 horas uma lista que detalhe as dívidas com mais de 16 mil credores.

Depois, a Americanas já entrará em processo de recuperação judicial — status legal de um estabelecimento comercial em que dívidas, juros e outros processos de cobrança são paralisados por cerca de 60 dias para que se formule um plano de reestruturação para enfrentar as dívidas. Outros 120 dias também serão concedidos à marca para convocar uma assembleia com os credores para aprovar o plano.

Se o plano for aprovado, a exigência de pagamento imediato aos credores é adiado ou suspenso, para que a empresa foque no pagamento de funcionários, tributos e mercadorias que permitam o funcionamento do negócio. Os juros também são suspensos nesse período.

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