MERCADO

Após crise, preço de um KitKat dá para comprar quatro ações das Americanas

Com custo de R$ 3,99, o chocolate se tornou, nesta quinta-feira (19/1), mais valioso do que uma ação da Americanas

Talita de Souza
postado em 19/01/2023 21:07 / atualizado em 19/01/2023 21:12
 (crédito: AFP - AFP / FABRICE COFFRINI)
(crédito: AFP - AFP / FABRICE COFFRINI)

As ações da Amer3, as Lojas Americanas, fecharam, nesta quinta-feira (19/1), a custo de R$ 1 na B3. Para efeito de comparação da desvalorização atual da empresa, o valor de uma cota de participação no negócio é quatro vezes menor do que o preço de uma unidade do chocolate KitKat, marca que se tornou um símbolo das Americanas por ser oferecido por um preço abaixo do mercado nas franquias da companhia em todo o país.

No site da Americanas, o Kit Kat custa R$ 3,99. O chocolate, nesta quinta-feira (19/1), se tornou quase quatro vezes mais valioso do que uma ação da empresa, que hoje vive um dos maiores casos de rombo comercial na história do mercado brasileiro.

A desvalorização das Lojas Americanas começou em 11 de janeiro, quando o então presidente da empresa Sergio Rial — que estava no cargo há 10 dias — renunciou ao posto após descobrir “inconsistências em lançamentos contábeis” no valor de R$ 20 bilhões. O valor, que se refere aos primeiros nove meses de 2022 e a anos anteriores, não foi registrado de forma apropriada nos balanços corporativos da empresa.

Em registro da B3, bolsa de valores de São Paulo, as ações das Americanas fecharam, nesta quinta-feira (19/1), em R$ 1
Em registro da B3, bolsa de valores de São Paulo, as ações das Americanas fecharam, nesta quinta-feira (19/1), em R$ 1 (foto: B3/Reprodução)

“A área contábil detectou a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem (R$ 20 bilhões), nas quais a companhia é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta de fornecedores nas demonstrações financeiras", diz um comunicado da empresa após a saída de Sergio RIal.

O valor do rombo era, na quarta-feira (12/1), equivalente ao que valia a Magazine Luiza perante o mercado — a marca de Luiza Trajano foi cotada no pregão daquele dia por R$ 20,20 bilhões. Desde então, a B3, bolsa de valores de São Paulo, registrou desvalorização da marca e as demais principais instituições financeiras colocaram as ações da empresa em revisão.

Nesta quinta (19/1), as dívidas da Americanas somam R$ 43 bilhões e envolvem credores financeiros, trabalhadores e fornecedores.

Justiça do Rio acatou pedido de recuperação judicial da empresa

Nesta quinta-feira (19/1), a Americanas enviou um pedido de recuperação judicial ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). A empresa afirmou que não conseguia movimentar “parcela significativa” do caixa, no valor de R$ 800 milhões, devido a uma decisão do tribunal para que o BTG Pactual (BPAC11) bloqueasse R$ 1,2 bilhão da varejista.

O banco é um dos credores da Americanas mais expostos ao rombo. No pedido de recuperação, a empresa devedora pede que a Justiça derrube o bloqueio e inclua o banco no processo de recuperação.

O pedido foi aceito pelo juiz Paulo Assed, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Ele afirma que a recuperação é “uma das maiores e mais relevantes ajuizadas até o momento no país, não só por conta do seu passivo, mas por toda a repercussão no mercado”. O juiz exigiu, no entanto, que a empresa entregue em até 48 horas uma lista que detalhe as dívidas com mais de 16 mil credores.

Depois, a Americanas já entrará em processo de recuperação judicial — status legal de um estabelecimento comercial em que dívidas, juros e outros processos de cobrança são paralisados por cerca de 60 dias para que se formule um plano de reestruturação para enfrentar as dívidas. Outros 120 dias também serão concedidos à marca para convocar uma assembleia com os credores para aprovar o plano.

Se o plano for aprovado, a exigência de pagamento imediato aos credores é adiado ou suspenso, para que a empresa foque no pagamento de funcionários, tributos e mercadorias que permitam o funcionamento do negócio. Os juros também são suspensos nesse período.

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