Tendo os alimentos e os combustíveis como principais vilões, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,52% em dezembro, com alta em todas as regiões. O indicador mostrou estabilidade em relação ao mês anterior, quando a alta havia sido de 0,53%, e, no ano, acumulou elevação de 5,90%. Em Brasília, a variação anual foi de 5,91%.
Se a variação anual for confirmada pelo IPCA, o indicador oficial, a inflação terminará 2022 acima do teto da meta do Banco Central, que é de 5%, pelo segundo ano consecutivo. Em 2021, o IPCA-15 marcou variação de 10,42%. A redução, segundo analistas, se deve ao corte de tributos promovido pelo governo durante a campanha eleitoral.
O levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram aumento em dezembro. Os maiores impactos no índice vieram do grupo transportes, cujos preços subiram 0,85%, e alimentação e bebidas (0,69%), que têm grande peso no cálculo do IPCA-15. Esses dois conjuntos tiveram impacto de 0,17 e 0,15 ponto percentual no índice, respectivamente. Vale ressaltar que 39 itens do grupo de alimentação e bebidas estão entre as 50 maiores altas do mês
A alta de alimentos em dezembro teve como destaque o aumento de 26,18% da cebola e de 19,73% do tomate. Nos últimos três meses, de acordo com o IBGE, as variações acumuladas desses dois produtos foram de 52,74% e 49,84%, respectivamente. Arroz (2,71%) e carnes (0,92%) também subiram no mês. "Os preços avançaram em várias linhas de produtos que formam a base da alimentação brasileira", comentaram Marcos Caruso e Eduardo Villarim, analistas do Banco Original.
Isoladamente, a maior variação, ficou com o grupo vestuário (1,16%), que acumulou alta de 18,39% no ano. Nesse conjunto, houve encarecimento de todos os itens. A maior pressão veio das roupas femininas (1,54%) e masculinas (1,47%).
A pesquisa do IBGE mostrou alta de preços em todas as capitais em que a pesquisa é realizada. A maior variação ocorreu em Goiânia (0,89%), também puxada por alimentos. Em Brasília, houve aumento de 0,80%.
Especialistas avaliam que a pressão dos preços de alimentos, em dezembro, é resultado do grande volume de chuvas, que prejudicou o cultivo de frutas e hortaliças. Além disso, a demanda sazonal de fim de ano também impactou os custos de serviços como passagens aéreas e hospedagem.
A elevação de 0,85% no grupo transportes se deveu principalmente à alta de 0,47% nos preços das passagens aéreas. Os combustíveis avançaram 1,79% em dezembro, depois de marcar 2,04% em novembro. A gasolina subiu 1,52%, sendo responsável pelo maior impacto individual no índice do mês. Entre os outros combustíveis, os custos de etanol subiram 5,44%, mas óleo diesel e gás veicular tiveram quedas de 1,05% e 1,33% em dezembro.
No grupo Habitação, a principal contribuição veio da energia elétrica residencial (0,87%). As variações nas áreas pesquisadas ficaram entre queda de-0,71% no Rio de Janeiro e alta de 18,78% em Brasília, onde as tarifas por kWh foram reajustadas em 21,54% a partir de 3 de novembro.
Viés de alta
Em relatório, o Mitsubishi UFJ Financial Group, holding do Banco MUFG Brasil, avaliou que, apesar dos resultados moderados em dezembro, a inflação pode subir nos próximos meses. "Para 2023, mantemos nossa previsão do IPCA em 4,7% por enquanto, estando mais próximos do teto da meta, de 4,75. No entanto, essa previsão tem um claro viés ascendente, especialmente em caso de deterioração fiscal mais acentuada", diz o documento.
Para os analistas do banco, um ponto que deverá pressionar os preços a partir de janeiro é a expectativa de retomada da tributação normal sobre itens com importante peso no custo de vida. A redução de tributos como ICMS e Pis Cofins, adotada pelo governo durante a campanha eleitoral, foi a principal responsável pela deflação experimentada pelo país entre julho e setembro, e ajudou a conter a expansão do IPCA-15 no ano como um todo. "Agora, a expectativa é de que a provável retomada do imposto sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações, bem como o IPI sobre bens de manufatura no início do próximo ano adicione 1,2% no IPCA. Nesse cenário, a inflação de 2023 ficaria próxima de 6%", escreveram.
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