Apoiador da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) defendeu que o PSDB faça oposição ao projeto da mudança da lei das estatais, aprovado na noite da última terça-feira pela Câmara. Segundo o senador, "o que foi feito é tão escandaloso que pode prejudicar até o próprio ex-ministro Aloizio Mercadante" — anunciado por Lula para presidir o BNDES . Para Jereissati, o grande problema está também na liberação do limite de publicidade das estatais, historicamente fonte de desvios de recursos.
"A alteração na Lei da Estatais é um retrocesso histórico. Saímos de um país avançado que tem estatais, para uma república de bananas, cujas estatais servirão de cabide de emprego para político derrotado e seus afilhados", afirmou Tasso Jereissati. "Além disso, é uma burrice, porque o Aloizio Mercadante não precisava disso. Como doutor em economia, sem mandato parlamentar há muito anos, sendo apenas presidente da Fundação Perseu Abramo, do PT e não do diretório do partido, sua indicação tem margem para uma apreciação positiva do Conselho do BNDES", disse.
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A mudança, se passar também pelo Senado, abre caminho para que Lula indique aliados políticos para pontos-chave nas estatais. Não é de hoje que parlamentares buscam alterar a Lei das Estatais. A decisão atenderia também ao Centrão, que deseja voltar a indicar seus nomes para conselhos e diretorias.
Segundo o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), seu partido vai votar contra o projeto. "Acabamos de falar com o nosso líder do Podemos, senador Oriovisto Guimarães (PR). Devido àquela votação relâmpago que houve na Câmara, praticamente sem debates, tomamos a decisão e o partido vai se posicionar contra", afirmou. "Ao nosso ver é uma estupidez com o país, além de ser cabide de emprego". O senador Plínio Valério (PSDB-AM), também criticou a proposta de mudança. "Mas, como o PT tem conseguido tudo que quer, acredito que estarei mais uma vez do lado minoritário", disse.