Sam Bankman-Fried, fundador da corretora de criptomoedas FTX, foi preso na segunda-feira (12/12) nas Bahamas, informou o procurador-geral do país.
Ele deve comparecer nesta terça-feira (13/12) a um tribunal em Nassau, capital da nação caribenha.
A polícia informou que Bankman-Fried, de 30 anos, foi preso por "crimes financeiros" contra as leis dos Estados Unidos e das Bahamas.
No mês passado, a FTX entrou com pedido de falência nos EUA, deixando muitos usuários incapazes de sacar seus fundos.
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De acordo com dados de um processo judicial, divulgado no mês passado, a FTX devia a seus 50 maiores credores quase US$ 3,1 bilhões.
Não está claro quanto dinheiro as pessoas que têm fundos investidos na corretora vão conseguir receber de volta ao final do processo de falência — embora muitos especialistas tenham alertado que pode ser uma pequena fração do que depositaram na empresa.
A FTX permitiu que os clientes trocassem dinheiro normal por criptomoedas, como bitcoin.
Apelidado de "Rei das Criptomoedas", Bankman-Fried já foi visto como uma versão jovem do lendário investidor americano Warren Buffett, e até o final de outubro tinha um patrimônio líquido estimado em mais de US$ 15 bilhões.
Ele ficou conhecido em Washington DC como doador de campanhas políticas, principalmente para políticos ou grupos democratas, apoiando supostamente a prevenção de pandemias e uma melhor regulamentação para criptomoedas.
Bankman-Fried será mantido sob custódia "conforme a Lei de Extradição de nosso país", informou o procurador-geral das Bahamas em um comunicado.
"No início desta noite, as autoridades das Bahamas prenderam Samuel Bankman-Fried a pedido do governo dos EUA, com base em uma acusação selada (que não é pública) apresentada pelo SDNY [sigla em inglês para Distrito Sul de Nova York]. Esperamos tornar o indiciamento público pela manhã, e vamos ter mais a dizer nesse momento", afirmou o gabinete do procurador do Distrito Sul de Nova York em um tuíte.
Os órgãos reguladores de Wall Street também disseram que tomariam medidas contra Bankman-Fried.
"Enaltecemos nossos parceiros de aplicação da lei pelo trabalho para garantir a prisão de Sam Bankman-Fried nas Bahamas por acusações criminais federais", declarou Gurbir Grewal, funcionário da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês), em comunicado.
"A Comissão de Valores Mobiliários autorizou separadamente acusações relativas às violações de Bankman-Fried das nossas leis de valores mobiliários, que serão apresentadas publicamente amanhã no Distrito Sul de Nova York", acrescentou.
Estava previsto para esta terça-feira um depoimento de Bankman-Fried no Congresso dos EUA para falar sobre o colapso da FTX.
Mas agora ele não vai mais depor, de acordo com a deputada democrata Maxine Waters, que disse em um comunicado que ficou surpresa ao saber que ele havia sido preso.
O advogado de Bankman-Fried não respondeu prontamente ao pedido de comentário da BBC.
A FTX, proprietária e operadora da corretora de criptomoedas FTX.COM, foi fundada em 2019 por Bankman-Fried, ex-operador de Wall Street, e por Gary Wang, ex-funcionário do Google.
Tornou-se a segunda maior plataforma de compra e venda de criptomoedas do mundo, negociando cerca de US$ 10 bilhões em criptomoedas por dia.
Mas em 11 de novembro, a FTX entrou com um pedido de recuperação judicial depois que usuários retiraram US$ 6 bilhões da plataforma em três dias, e a corretora concorrente Binance abandonou um acordo de resgate. Ao mesmo tempo, Bankman-Fried renunciou ao cargo de CEO da FTX.
Em entrevista à BBC, Bankman-Fried reconheceu que erros foram cometidos na empresa, mas procurou se distanciar das acusações de atividades ilegais.
"Não cometi fraude conscientemente, acho que não cometi fraude, não queria que nada disso acontecesse. Certamente não fui tão competente quanto pensei que fosse", afirmou ele à BBC.
O colapso da FTX ocorreu durante um ano tumultuado para a indústria de criptomoedas. Neste ano, a bitcoin perdeu mais de 60% de seu valor, enquanto outras criptomoedas também despencaram.