PRIVATIZAÇÃO

Funcionários dos Correios dão como certa suspensão da privatização da estatal

Aprovada na Câmara, proposta que regulamenta a venda da empresa brasileira está parada há um ano na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado

Michelle Portela
postado em 08/12/2022 18:26 / atualizado em 08/12/2022 18:26
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Funcionários dos Correios já dão como certa a suspensão do processo de privatização da estatal. É que revela o assessor especial da Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP), Marcos César Alves Silva, ex-vice-presidente da entidade. Aprovada na Câmara, a proposta que regulamenta a venda da empresa brasileira está parada há um ano na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

A medida esteve na lista de prioridades para a desestatização durante o governo Bolsonaro, mas perdeu força devido aos resultados de 2021, que confirmaram lucro acima de R$ 3 bilhões, recorde histórico dos 11 anos anteriores. Ainda no ano passado, de acordo com o balanço da companhia, os Correios registraram os melhores indicadores da empresa em 22 anos, impulsionados pelo crescimento do comércio de eletrônicos.

“O novo governo já sinalizou que não vai mais privatizar os Correios. Como a proposta no Congresso é do governo, não há interesse para avançar. O próprio presidente [eleito] Lula assinou documento com o sindicato de São Paulo”, explica Silva, relembrando os atos da campanha petista.

Além disso, o ex-ministro do Planejamento e das Comunicações Paulo Bernardo, membro do grupo técnico de Comunicações na equipe de transição, também já manifestou interesse do novo governo em encerrar o processo de privatização.

Parado no Senado

No site de acompanhamento de matérias do Senado, a última movimentação do Projeto de Lei nº 591/2021, que "dispõe sobre o marco regulatório, a organização e a manutenção do Sistema Nacional de Serviços Postais (SNSP)", é de 27 de outubro deste ano, juntando ofícios e moções de apoio à manutenção da ECT como “empresa pública originária” das Câmaras Municipais de Caxambu, Brasília de Minas e Alvarenga, todos municípios mineiros.

Assim, a principal ação a partir de agora, de acordo com os funcionários, deverá ser por uma política de reformulação da estatal. “Importante não ficar apenas na questão de não haver mais privatização. É muito importante destacar que uma boa direção será imprescindível para a sustentabilidade dos Correios”, avalia Marcos César.

Enquanto a privatização não avançava, a empresa fazia planos. Dentre os números projetados para os próximos cinco anos estão a expectativa de que o volume de encomendas seja dobrado. Contudo, os funcionários aguardam, para este ano, um balanço inferior ao do ano passado.

Silva reforça, mais uma vez, que é uma empresa lucrativa. “Por isso, entre outros motivos, a privatização dos Correios é um erro. A privatização dos Correios é uma coisa errada. Essa discussão deveria ser, pelo menos, adiada.”

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