A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou, nesta quinta-feira (8/12), dados sobre o setor referentes ao 3º trimestre deste ano. Segundo o órgão, no período de janeiro a setembro, o setor registrou resultado líquido negativo de R$ 2,5 bilhões, ocasionado, principalmente, pelas operadoras de assistência médica de grande porte.
Entre julho e setembro, os planos médico-hospitalares tiveram prejuízo operacional de R$ 5,5 bilhões. Já é o sexto semestre consecutivo do setor com resultados negativos, chegando a um nível de sinistralidade de 90,3%. "Esses números indicam que praticamente 90% do arrecadado com os planos são gastos com assistência à saúde", explica Jorge Aquino, diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS.
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Descontada a inflação do IPCA, a ANS mostra que há uma queda de 3% na receita dos planos de saúde e de 2% na despesa assistencial. apesar de haver um aumento no número de beneficiários, que atingiu o patamar de 50,1 milhões de contemplados com planos médico-hospitalares e 30,5 milhões com planos exclusivamente odontológicos.
Preocupação
A agência ainda ressalta que desde o segundo semestre do ano passado, vem percebendo dificuldades de retorno financeiro para os planos de saúde. A nível de comparação, em 2018 e 2019, antes do início da pandemia da covid-19, o resultado líquido acumulado até o 3° trimestre de cada ano era de, em média, R$ 8 bilhões e, em 2020, o lucro chegou ao patamar máximo de R$ 15,9 bilhões. Desde 2021, no entanto, o cenário é de apenas prejuízo.
Sobre este cenário, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) demonstra preocupação com a realidade do setor. "Os resultados do terceiro trimestre reforçam o que as operadoras vêm alertando já há algum tempo: desde a pandemia, a saúde suplementar tem sido pressionada por uma expressiva alta dos custos assistenciais”, comenta Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde.
Segundo a federação, os principais fatores conjunturais que explicam esta decadência são o aumento da procura por procedimentos médicos que ficaram represados na pandemia, a elevação dos custos de insumos médicos e a cobertura obrigatória de tratamentos e tecnologias cada vez mais caras e complexas.
"Os recursos são finitos e, cada vez mais, é preciso rigor nas escolhas do que deve ou não ser oferecido pelo sistema, sob pena de inviabilizar seu funcionamento e o atendimento a 50 milhões de brasileiros", explica Vera.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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