Na última reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. Foi a terceira vez consecutiva que os juros seguiram nesse patamar. O ciclo de aperto monetário, iniciado em março de 2021, com a taxa no piso histórico de 2% ao ano, foi encerrado na reunião de agosto.
A decisão veio em linha com os sinais de desaceleração da inflação, mas a autoridade monetária deixou claro que está preocupada com o crescimento dos gastos públicos e que está aberta a janela para novo aumento de juros, caso seja necessário. "A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal, requer serenidade na avaliação dos riscos", afirmou o BC, em comunicado. "O Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação."
A manutenção dos juros era esperada pelo mercado. O último Boletim Focus mostrou que analistas elevaram a expectativa para o patamar dos juros no fim do próximo ano, antecipando uma redução menor da taxa Selic ao longo de 2023. A previsão também é de aumento da dívida pública. A projeção dos analistas para a Selic subiu para 11,75% ao final do próximo ano, ante os 11,50% previstos em novembro. A estimativa para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também aumentou, de 5,02% para 5,08%.
Segundo o especialista em renda fixa da Blue3, Paulo Ricardo dos Santos, esse cenário já tem sido precificado, com a inflação ainda distante da meta, de 3,5%. "O mercado já esperava que a Selic terminasse o ano neste patamar, mas o Copom, com certeza, segue atento aos dados inflacionários. A inflação deve fechar 2022 em 5,22% e continuar alta ao longo do ano que vem", destacou.
De acordo com Santos, esse patamar de juros deve se manter até meados de 2023. "Só na segunda metade do próximo ano devemos começar a enxergar uma queda dos juros, à medida que a inflação se aproximar da meta", acrescentou.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, já sinalizou, mais de uma vez, que a autoridade monetária está preocupada com o risco fiscal no novo governo e com os efeitos da PEC da Transição, que deve elevar as despesas públicas em R$ 168 bilhões. "O Comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva", ressalta a nota do Copom.
Dada a incerteza sobre o tamanho do rombo fiscal com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de Transição, o especialista e sócio da Valor Investimentos Gabriel Meira avalia que os juros podem, sim, voltar a subir no próximo ano. "A decisão veio em linha com o que Campos Neto vinha dizendo, de que a gente não tem ainda uma definição do tamanho do rombo fiscal. Então a taxa pode voltar a subir no começo do ano que vem", afirmou.
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