Um dos principais desafios da economia global envolve a necessidade de mitigação das mudanças climáticas em equilíbrio com a manutenção dos processos produtivos. A agropecuária brasileira é a atividade responsável por 30% das emissões de gases de efeito estufa no país, segundo o Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG). Como grande produtor e exportador de alimentos e por suas dimensões continentais, estima-se que a atividade seja responsável por 7% das emissões mundiais.
Técnicas sustentáveis de manejo do solo e da pecuária já são uma realidade, mas ainda existem barreiras para popularizá-las no Brasil, é o que afirmou o ex-deputado e empresário do ramo de alimentos orgânicos Joe Valle, que integra a equipe de transição do futuro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, a agricultura de baixo carbono passou a ser um tema central na agenda do próximo governo, já que o agronegócio brasileiro é responsável por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
"É preciso entender que sustentabilidade transcende questões ideológicas para o business. No mercado moderno, os clientes buscam por produtos que tenham práticas sustentáveis embarcadas. E um desafio é que os governos entendam isso e coloquem o tema em sua questão central, para que políticas sejam construídas", diz Valle, que destacou que a transição sustentável já é uma realidade. "Precisamos construir um consenso de unidade. O objetivo é conjunto, produzir e preservar", acrescentou.
Vários acordos foram firmados em relação a investimentos em países que diminuem as emissões de carbono ao longo das Conferências das Nações Unidas sobre o Clima (COPs). Além disso, muitos países têm barrado o comércio com quem não respeita as regras propostas. Em sua participação na COP27, no último mês, o presidente eleito sinalizou que o Brasil pretende voltar a ter protagonismo na preservação do meio ambiente.
Para Alexandre Brendt, chefe geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Sudeste — primeira unidade a iniciar estudo sobre os gases de efeito estufa no país —, para continuar sendo uma referência mundial em agronegócio, é preciso se adequar à agricultura de baixo carbono. "Vemos o impacto das mudanças climáticas em todo o planeta, mas precisamos pensar no que está ao nosso redor, as ações para combatê-la tem que ser feitas localmente. Desde uma fazenda de produção de leite a uma indústria, o esforço deve ser de todos", afirma.
Responsável por cerca de 10% da produção mundial de trigo, soja, milho, cevada, arroz e carne bovina, Brendt avaliou a importância do papel do país na produção de alimentos para a cadeia mundial. "Na produção de alimentos, especialmente, temos uma demanda muito aquecida, além do crescimento populacional. O Brasil é uma grande potência no combate à insegurança alimentar. Só que essa produção não pode mais ser feita como antigamente, hoje existe tecnologia para produzir melhor e de maneira mais sustentável."
Eficiência é a palavra que a gente precisa buscar nos processos de produção, de acordo com o chefe-geral da Embrapa. "Qualquer desperdício é desperdício, seja de energia, de insumo, de alimento ou de adubo. Adotando tecnologias para o ganho de eficiência, o produtor economiza no custo de produção e acaba ganhando mais. Ao mesmo tempo, isso significa produzir com menor impacto ambiental e de maneira mais sustentável", avalia.
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