Após dois meses de queda, a produção industrial teve variação positiva de 0,3% na passagem de setembro para outubro. Segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo com a ligeira alta, o setor ainda se encontra 2,1% abaixo do patamar pré-pandemia e 18,4% aquém do nível recorde alcançado em maio de 2011.
Em relação a outubro de 2021, a indústria registrou avanço de 1,7%. No entanto, no ano ainda acumula queda de 0,8% e, em 12 meses, recuo de 1,4%. O gerente da pesquisa, André Macedo, destacou que, embora o indicador tenha mostrado alguma melhora no início do ano, nos últimos meses apresenta um comportamento de predominância negativa. "Nos últimos cinco meses, em três oportunidades houve queda na produção, e com um número maior de atividades industriais no campo negativo, permanecendo longe de recuperar as perdas recentes", avaliou.
Apenas sete dos 26 ramos industriais pesquisados tiveram crescimento em outubro. As atividades econômicas que exerceram maior influência positiva no mês frente ao mês anterior foram produtos alimentícios (4,8%) e metalurgia (4,6%).
Por outro lado, entre as 19 atividades que apontaram queda na produção, veículos automotores, máquinas e equipamentos e bebidas exerceram os principais impactos negativos. A primeira marcou o segundo mês seguido de redução na produção, acumulando perda de 6,8% no período; a segunda eliminou parte do avanço de 16,9% acumulado nos meses de setembro e agosto; e a última intensificou o recuo verificado no mês anterior (-5,7%).
Segundo o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) Stéfano Pacini, a indústria brasileira ainda sofre com a crise de abastecimento causada pela pandemia. "Passamos por um problema na cadeia de produção que veio de 2020 para cá, e o mundo todo sente esses efeitos. Além disso, temos uma inflação acima da meta e existe incerteza quanto às medidas do próximo governo. Isso é algo que deixa o empresariado mais cauteloso", pontuou.
Entre as grandes categorias econômicas, bens intermediários (0,7%) e bens de consumo semi e não duráveis (0,3%) assinalaram as taxas positivas em outubro de 2022. Por outro lado, os setores produtores de bens de capital (-4,1%) e de bens de consumo duráveis (-2,7%) apontaram os resultados negativos no mês.
O economista do Banco Original Eduardo Vilarim chamou atenção para o recuo de 4,1% na produção de bens de capital. "Normalmente, quedas constantes na produção de bens de capital trazem um viés negativo para o Produto Interno Bruto (PIB), o que sugere atuação da política monetária sobre a atividade", afirmou. Vilarim lembrou que, parte dos efeitos da taxa básica de juros (Selic) sobre investimentos também ocorre via expectativas: "No limite, o retorno das operações das fábricas deveriam ser superiores aos retornos dos juros, daí a importância das expectativas dos empresários para o médio e longo prazos", acrescentou.
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