O nível elevado de endividamento dos brasileiros deve afetar as compras de fim de ano em 2022. João Paulo Cunha, diretor de pesquisas do Instituto Locomotiva, explica que as famílias estão usando recursos adicionais e reduzindo gastos para quitar dívidas, o que deve resultar em um Natal mais modesto. "Os resultados do varejo estão menos positivos do que imaginávamos no início do ano. O efeito do Auxílio Brasil não foi o que se esperava e, agora, há mais famílias declarando que vão reduzir o consumo", disse Cunha, durante apresentação de pesquisa sobre endividamento feita em parceria com a MFM Tecnologia.
Em setembro, as vendas do varejo cresceram 1,1% na comparação com agosto. Nos nove meses do ano, o setor acumula aumento de 0,8% e, nos últimos 12 meses, queda de 0,7%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A administradora Simone Martins, 35 anos, conta que todo ano costuma comprar muitos presentes para a família, além de fazer uma grande festa com amigos. "Eu sempre tomava empréstimos para gastar nesta época do ano, pois é a data mais importante para mim. Contudo, desta vez não será assim, minhas contas viraram uma 'bola de neve', e eu não consegui me organizar para pegar mais dinheiro. Se duvidar, estou devendo o Natal de 2014 ainda", afirmou.
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Reflexão
Para Martins, a solução foi deixar que outros parentes tomassem a frente das festas. "Foi muito difícil para mim, porque há mais de 10 anos realizo as celebrações da minha família. Mas, desta vez, não vou conseguir sustentar minhas vontades", apontou. "Agora, estou em um momento de reflexão, pois preciso organizar minha vida financeira para melhorar minha qualidade de vida."
A comerciante Marlene Pereira, 40 anos, por outro lado, contou que está sem gastar no fim de ano desde 2015. "Comecei a me organizar financeiramente, porque cheguei a um ponto que não tinha o que comer em casa, mas para uma festa eu esbanjava", comentou. "Neste meio tempo, acabei engravidando da minha segunda filha, a qual me fez pensar mais no que era essencial para minha vida."
Pereira disse que recorreu a um educador financeiro para planejar melhor as finanças. "O profissional me auxiliou muito nessa questão. Com o novo planejamento, vou conseguir voltar a fazer festas e comprar presentes, sem me endividar, a partir de 2025", explicou. (FS)