O agronegócio tem batido recordes de produção nos últimos anos e impulsionado a indústria da construção, principalmente no Centro-Oeste. Em Goiás, por exemplo, atingiu R$ 62,8 bilhões neste ano, avanço de 73,3% em relação a 2021 — o maior patamar registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no estado.
Em 2020, havia 2,1 mil empresas atuando no segmento da construção, avanço de 14% em relação ao ano anterior, segundo o IBGE. A construção civil goiana é, atualmente, a oitava maior do país e a maior no Centro-Oeste, com 41,9% do total das empresas na região. Conforme dados da Ademi-GO, as vendas de imóveis novos tiveram crescimento acima de 60% no primeiro semestre deste ano no estado.
Embora as grandes construtoras mirem principalmente a região metropolitana, as pequenas e médias empresas têm experimentado forte crescimento nos investimentos e nas vendas no interior goiano, principalmente, nas áreas onde o agronegócio está mais presente. É o caso, por exemplo, da Habitat Construtora e Incorporadora. Com sede em Goiânia e atuação focada no interior de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso, a Habitat prevê investir R$ 500 milhões e atingir um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 1,5 bilhão nos próximos anos.
Vale lembrar que Goiás tem o segundo maior rebanho do país e 10,8% no efetivo nacional, ficando atrás apenas de Mato Grosso. Com efetivo estimado pelo IBGE em 24,3 milhões de cabeças, em 2021, o rebanho bovino no estado teve a quarta alta seguida e atingiu o maior volume da série histórica, iniciada em 1974.
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Destaque regional
Marcelo Gonçalves, sócio consultor da Brain Inteligência Estratégica, destaca que a construção civil goiana é, atualmente, a oitava maior do país e a maior do Centro-Oeste, com 41,9% do total das empresas na região. "Acredito que a região Centro-Oeste inteira tem uma força muito grande. Estamos falando de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul. São estados que, efetivamente, têm uma produção agrícola grande e as riquezas do agronegócio."
As cidades do agronegócio têm uma característica de crescimento, mesmo em momentos de crise, nos últimos 10 anos, segundo Gonçalves. "Até com o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o agronegócio acabou mantendo a economia aquecida, e as cidades que têm um forte agronegócio acabam tendo uma indústria forte", afirma.
Os níveis mais baixos da taxa básica de juros (Selic) — que chegou ao piso de 2% ao ano, entre agosto de 2020 e março de 2021 — ajudaram a alavancar os investimentos da indústria de construção durante a pandemia. "Todo mundo saiu, inclusive, do mercado financeiro para a segurança do imóvel. No período da pandemia, principalmente", recorda. "Então, isso só foi mais forte ainda nas cidades que tinham o agronegócio como referência. E, quando falamos sobre esse crescimento nessas cidades, ele não acontece somente agora. Apenas aumentou", acrescenta o consultor.
Gonçalves ressalta ainda que, durante a crise sanitária, os consumidores das cidades do interior do país e do litoral brasileiro procuraram espaços com melhor qualidade de vida e foram responsáveis por 25% das vendas no país. "As pessoas passaram a trabalhar de forma mais flexível em casa, principalmente. Na pandemia, houve essa possibilidade. E, com isso, passaram a buscar empreendimentos onde achavam que a qualidade de vida era melhor", observa.