conjuntura

Setor de seguros aposta em crescimento de 15% neste ano

Em entrevista ao Correio, presidente da CNSeg mostra otimismo com o PIB e diz que segmento deve avançar 15% neste ano

Santiago do Chile — O presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), Dyogo Oliveira, mostra otimismo com a economia brasileira e a equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para o setor de seguros, ele prevê crescimento em torno de 15% neste ano, acima do Produto Interno Bruto (PIB), o que deve ocorrer também em 2023. "Eu sou otimista. A indústria de seguros é muito conectada com a economia e costuma crescer acima do PIB. Essa é uma tendência que deve continuar", afirmou o executivo, em entrevista ao Correio.

Ex-ministro do Planejamento do governo Michel Temer (PMDB), Oliveira destacou que as estimativas da CNSeg são de avanço nominal de 10% a 11% do PIB deste ano, o que, em termos reais (descontada a inflação), significaria uma expansão acima das projeções do mercado. A mediana das previsões das instituições financeiras para o crescimento real do PIB é de 2,76% neste ano e de 0,70% em 2023, conforme o Boletim Focus, do Banco Central (BC).

Oliveira acredita que o Brasil poderá crescer bem acima das previsões no ano que vem, apesar de as estimativas do mercado indicarem uma forte desaceleração da economia devido, em grande parte, ao impacto defasado do aperto monetário do BC, que fez a taxa básica de juros (Selic) chegar a 13,75% ao ano em agosto último. "Estou bem otimista, porque acredito que, no próximo ano, não haverá mais guerra na Ucrânia e será possível um afrouxamento da política monetária ainda no primeiro semestre", disse.

Na avaliação do ex-ministro, o mercado de trabalho deve continuar aquecido, com crescimento da renda dos trabalhadores, porque o índice de ocupação já recuperou o patamar pré-pandemia. "Não tenho nenhum motivo para acreditar que o Brasil vá crescer menos de 2% no ano que vem", afirmou o presidente da CNSeg, que está na capital chilena para encontros com entidades seguradoras da América Latina.

Na última segunda-feira, a CNSeg fez o lançamento oficial da Conferência Hemisférica da Federação Interamericana de Seguradoras (Fides), que ocorrerá em setembro no Brasil, marcando a retomada do evento bianual, interrompido durante a pandemia. A última conferência da Fides foi na Bolívia, em 2019.

Oliveira fez questão de afirmar que o otimismo dele com a economia brasileira não tem a ver com a vitória de Lula nas eleições do último dia 30. Contudo, elogiou os economistas indicados para a equipe de transição de governo. Pérsio Arida e André Lara Resende são conselheiros do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, e autores do "Plano Larida", que deu origem ao Plano Real. Nelson Barbosa foi ministro da Fazenda e do Planejamento no governo Dilma Rousseff, e Guilherme Mello, quadro técnico do PT, é professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

De acordo com Dyogo Oliveira, o fato de os quatro terem perfis diferentes, mas inclinações mais para o centro do que para os extremos radicais, será muito positivo, especialmente na busca de uma proposta de política fiscal sustentável para o novo governo. "Todos têm experiência e o equilíbrio entre eles será bastante importante. Com essa equipe vai ser possível criar uma proposta de política econômica e fiscal capaz de fazer o país voltar a crescer de maneira continuada", afirmou Oliveira.

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Concentração

Segundo dados da CNSeg, ao contrário do setor bancário, em que as cinco maiores instituições do país detêm quase 68% do mercado de crédito, o segmento segurador tem concentração menor. Entre as 146 empresas do ramo de seguros gerais, excluindo saúde, os cinco maiores grupos detêm 61,9% do mercado, conforme dados de janeiro e agosto deste ano.

No entanto, segundo levantamento feito com base no Índice Herfindahl-Hirschman (HHI), tradicional indicador do grau de concorrência em um setor, entre janeiro a agosto, a média ficou em 10% em 2022, percentual levemente superior aos 9,9% registrados no mesmo período de 2021. Conforme a metodologia do HHI, até 15%, o grau de concentração é considerado baixo; entre 15% e 25%, moderado; acima de 25%, a concentração é alta.

"Existe uma leitura equivocada de que há muita concentração do setor. Esses dados mostram que existem alguns ramos onde a concentração é maior, mas, na média, ela é bem baixa", destacou Dyogo Oliveira.

A jornalista viajou a convite da CNSeg